Caverna Temimina – Petar

Relato da nossa exploração na Caverna Temimina, localizada no Núcleo Caboclos do Petar. De  grau moderado, a trilha não apresenta grandes dificuldades para quem já está acostumado com trilhas.


Local: Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira
Data:  Janeiro/2019
Percurso: Trilha da Caverna Temimina + Caverna Temimina
Distância: 9 Km aproximadamente
Tempo: 1 dia
Participantes: Keila Beckman, Filipe Innocenti, Mariana Leiroz, Reginaldo Pena, João Tijolli
Grau de dificuldade física: trilha: moderado / caverna: fácil


Como Chegamos

Caverna Temimina
O grupo

Nos primeiros dias de 2019 eu e o Filipe, meu namorado, decidimos fazer uma visita ao Petar, para conhecer um pouco do fantástico mundo subterrâneo.

Para chegar lá perrengamos um pouco, mas valeu muitíssimo a pena.

Como somos do interior de São Paulo e queríamos ir para o Petar de ônibus,e não havia nenhum ônibus que partisse da nossa cidade para a cidade de destino (Apiaí/SP), fizemos uma longa e cansativa viagem,  onde tivemos que trocar 4 vezes de transporte.

Meu cunhado, Gustavo,  nos levou de carro até Avaré, que fica a uns 40 minutos da nossa cidade, e lá pegamos um ônibus para Taquarituba;  em Taquarituba pegamos outro ônibus, agora para Itapeva e lá pegamos o ônibus da Transpen para Apiaí. Ufaaa…

Em Apiaí pernoitamos no Hotel Burkner, indicado pelo nosso guia João Tijjoli, o qual  já estava previamente contratado para nos acompanhar  na visita à caverna Temimina,  por indicação do amigo Rafael Lima.

No dia seguinte, bem cedinho,  o guia nos buscou no hotel e partimos dalí para o Núcleo Caboclos, onde se encontra a caverna Temimina,  juntamente com  um casal que nos acompanharia nessa trip, e que nos deu carona em seu carro.

Seguimos de carro então, pela BR-373,  sentido  Guapiara, por cerca de  28 Km  e pegar uma estrada de terra à direita (Estrada dos Caboclos), no Km 294,  onde seguimos por mais 6 Km, até chegar à portaria do parque.

Chegando à portaria pagamos uma taxa de ingresso, preenchemos uma ficha de controle e, após,  continuamos seguindo pela estrada de terra, por mais 4 Km, aproximadamente, até uma placa, onde tem início a trilha para a Caverna Temimina.

A Caverna Temimina

Começamos a caminhada rumo à caverna Temimina,  por volta das 8:30. Antes, nosso guia João alertou para a morte de animais silvestres na região,  devido a febre amarela, o que me deixou preocupada, pois o Filipe era o único do grupo que não tinha tomado a respectiva vacina.  Taca-lhe repelente então, para afastar os mosquitos.

A trilha, inicialmente larga,  seguiu numa leve subida em meio a Mata Atlântica, onde encontramos um caramujo gigante, típico da região.

Meia hora depois, a trilha se tornou mais estreita e íngreme, com subidas e descidas alternadas, demandando um pouco mais de fôlego. Apesar disso, ao meu ver, a dificuldade da trilha não passou de moderada.

Após algum tempo de caminhada a trilha se bifurcou.  Tomamos, então,  o rumo da esquerda e, em cerca 2 horas, num percurso de 4 Km, desde a placa, chegamos a primeira boca da caverna: um imenso e alto salão, iluminado por uma grande abertura no teto, chamada claraboia, onde estalactites e estalagmites, outrora protegidas, ficaram expostas as intempéries em virtude de desmoronamentos ocorridos, formando um lindo jardim suspenso.

Demoramos um pouquinho ali, admirando todas aquelas estalactites, toda aquela imensidão, e logo nos pusemos a caminhar novamente. Agora no interior da caverna.

Em menos de 5 minutos chegamos a  um segundo grande salão, com uma abertura em sua parede lateral, deixando, novamente, à mostra, a bela Mata Atlântica que a cercava. As cores das rochas deste salão compunham um ambiente surreal.

Fizemos uma pausa para almoço ali e continuamos com a nossa exploração na Caverna Temimina. Retornamos ao primeiro salão e deixamos essa parte da caverna, agora rumando por uma trilha externa.

Em pouco tempo de caminhada já estávamos adentrando, novamente, a outro salão da caverna. Ao meu ver, o mais impressionante de todos que havíamos passado até ali, ante a sua grandiosidade e maior concentração de formações. Lá vimos estalagmites e colunas imensas, bem como diversas estalactites brotando do teto.

Este salão, assim como os anteriores, também era iluminado mas, caminhando um pouco mais para o seu fundo, nos deparamos com alguns trechos de parcial escuridão.  Havia também ali duas belas aberturas nas paredes, com a Mata Atlântica, novamente, de plano de fundo, que proporcionaram lindas composições em contraluz.

Dali, seguimos nossa caminhada descendo rumo a uma quarta boca da caverna. Confesso que, quando a vi, senti um grande frio no estômago. Parecia uma grande boca mesmo, com um monte de dentes, e uma garganta bem escura, prestes a nos engolir.

Seguimos descendo com muito cuidado, sob terreno extremamente escorregadio, e logo estávamos nas profundezas da caverna, em um completo breu, e com um rio em nosso caminho, o qual tivemos que atravessar, por diversas vezes, durante a nossa exploração na Temimina.

Em poucos minutos de caminhada na escuridão já estávamos em meio a gigantes  estalactites que chegavam a tocar o chão

Pouco mais adiante nos deparemos com um espeleotema de cair o queixo, formado por estalactites,  que tinha aos seus pés uma belíssima represa de travertino (vide primeira foto deste post). Lindo demais.

Queixos repostos no lugar, seguimos a nossa caminhada, enfrentando as correntezas do rio Temimina (se não tomar cuidado ela te empurra mesmo). Mais à frente,  o Chuveiro,  principal atração desta caverna, nos provou  porque uma visita à  Caverna Temimina é obrigatória, àqueles que visitam o Petar.

Quando o vimos as reações foram as mais diversas.”Meu Deus… Que coisa linda”, falei em êxtase; “é um chuveiro mesmo”, disse o Regis, mais ao fundo; e o Filipe ficou tão atônito que só conseguia rir. Realmente, não dava par acreditar no que estávamos vendo. Era surreal.

As águas do chuveiro caem em cima de uma estalagmite, formando uma espécie de cuba. Acredite, alguns imbecís já subiram nessa estalagmite para tirar uma foto tomando banho no chuveiro. Deplorável essa atitude, não só dos que fizeram isso, bem como do (a) guia que os conduzia, que permitiu tal ação, já que é notória a sensibilidade desses espeleotemas, que levam milhares e milhares de ano para se formarem e continuam constantemente em evolução.

Depois de alguns cliques e, novamente, reposicionar os queixos nos seus devidos lugares, seguimos caminhando, ora pelo rio, ora sob rochas, ora por sob uma espécie de areia, até chegarmos a uma parte com o teto um pouco mais baixo e repleto de pequenos pontos brilhantes, que mais lembravam pedras preciosas. Abaixo, uma bica de água brotava da rocha, fazendo uma chamada para um experimento. Fiquei meio receosa mas, assim, como todos do grupo, provei da água da caverna. Para mim, água com gosto normal, mas super gelada.

Dali seguimos caminhando pelo rio e já podíamos ver  a boca de saída da caverna (essa era a quinta, por qual passávamos) por onde deixaríamos a escuridão.

Confesso que ver aquela “luz no fim do túnel”, foi uma sensação muito boa. Estávamos saindo das trevas – mesmo que as trevas fossem lindas – e retornando para o mundo da luz.  E quando eu cheguei lá fora, um suspiro profundo, de “eu consegui” brotou de dentro de mim.

Sempre achei que nunca conseguiria entrar numa caverna, não só pela fobia de passagens estreitas, mas também por um pensamento que sempre me repelia delas: “vai desmoronar em cima de mim!” Felizmente essa caverna não desmoronou – não naquele dia – tampouco tinha passagens estreitas. Aliás, ela era muito grande. Nem parecia que eu estava dentro de uma caverna.

Depois que saímos da caverna,  entramos novamente, por uma quinta boca, atravessando o rio e nos deparando com o cartão postal da Temimina.

Mais alguns cliques e finalmente saímos definitivamente da caverna Temimina, por uma sexta boca, e pegamos a trilha de volta até o local onde deixamos os carros, seguindo, inicialmente, por um trajeto diferente do que chegamos. Tratava-se de um trecho bem íngreme de pedras soltas, curto mas perigoso. É necessário tomar muito cuidado nessa hora para não escorregar e rolar montanha abaixo.

Nosso passeio durou 8h30min, contando as pausas para descanso, contemplação e fotos, tendo se iniciado as 8:30 e finalizado, no mesmo local, as 17:00. Ou seja, quer conhecer a Temimina? Reserve um dia inteiro.

Dados da trilha/caverna:

Distância total percorrida (trilha + caverna) : 9 Km
Tempo em trilha: 4h ida e volta (2h ida e 2h volta)
Tempo total do passeio (trilha + caverna + pausas): 8h30
Grau de dificuldade da trilha: moderado
Grau de dificuldade da caverna: fácil


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