Meia Volta Ilha Grande

Relato da Meia Volta Ilha Grande, realizada em 4 dias, no sentido anti-horário, com início na Praia da Cachoeira,  e fim na Vila de Abraão, passando pela Lagoa Verde, Praia de Araçatiba, Praia de Araçatibinha, Praia de Provetá, Praia do Aventureiro, Praia de Parnaioca, Praia de Dois Rios, Praia do Caxadaço, Praia de Lopes Mendes, Praia do Pouso, Praia de Mangues e Praia de Palmas.


Coqueiro da Meia Volta Ilha GrandeLocal: Ilha Grande – Angra dos Reis/RJ
Data:  Novembro/2018
Percurso: Praia da Cachoeira –  Vila de Abraão (sentido anti-horário)
Distância:  53 Km aprox.
Tempo: 4 dias
Participantes: Keila Beckman, Tatiana de Cássia, Bruno Raposo, Daniel Vazques, Luna Garden, Gabriel Firmino, Isabel Macedo e Emerson Fonseca.
Grau de dificuldade: Difícil

A Autorização do INEA

Em 2012 realizei pela primeira vez a Meia Volta Ilha Grande.

Naquela época eu, ainda, estava engatinhando no mundo das trilhas, então contratei um guia para conduzir o grupo, o qual nos informou, em nossa primeira noite, na Praia de Aventureiro, que não era permitido passar pelas praias do Sul e do Leste, e que, por isso, passaríamos escondidos, iniciando a caminhada bem cedo, a fim de não sermos pegos pelos fiscais.

Tendo em vista minha pouca consciência ambiental na época, não me indignei com a situação, e até me senti privilegiada em poder conhecer um local protegido.

No entanto, na atualidade, tenho plena consciência dos efeitos nocivos que, atitudes como essa, podem gerar em ambientes frágeis como aquele.

Tanto assim é que, nunca mais retornei à Ilha para fazer a Meia Volta Ilha Grande, pois sabia que não poderia passar pela Reserva caminhando. Necessariamente precisaria atravessar aquele trecho de barco, o que, para mim, desnatura completamente uma travessia, já que o propósito dela é caminhar.

No entanto, 6 anos depois, a amiga Isabel Macedo me questionou sobre fazermos a Meia Volta a Ilha Grande. Relutei muito, no início, antes os fatos já expostos, mas surgiu-me uma ideia: E se eu tentasse conseguir uma autorização de passagem na Reserva, oferecendo, em contrapartida, a colheita de lixo das Praias do Sul e do Leste? Lembrava ter visto muito lixo naquele trecho, na primeira vez em que estive lá.

Apesar de saber que o trânsito de pessoas em uma reserva biológica é proibido, salvo para ações de cunho educacional ambiental ou relacionado à pesquisas, de acordo com a Lei Federal 9.985/2000, resolvi tentar. Não custava nada. No máximo eu receberia um “não” e teria que atravessar aquele trecho de barco.

Mas com quem eu deveria conversar sobre isso?

Comecei então uma cansativa pesquisa na internet a fim de descobrir para quem deveria endereçar meu pedido e, após muitas buscas, descobri alguns emails relacionados a parte ambiental da Ilha Grande: falecompeig@gmail.com, marciapinho.pinho@gmail.com, ascom.ambiente@gmail.com, sandrarhoffmann@gmail.com

Entrei em contato com todos eles em 04/11/2019, e não tive qualquer retorno, motivo pelo qual continuei minhas pesquisas e localizei outros emails: usodeimagemuc.inea@gmail.com, sepes.inea@gmail.com

Em 06/11/2019 entrei em contato com estes dois endereços, solicitando a autorização de passagem, mediante a colheita de lixo e, no dia seguinte, surpreendentemente, obtive retorno do Sepes, nos seguintes termos:

Encaminho seu e-mail para o gestor da unidade, para dar andamento à sua solicitação.

Pensa numa pessoa feliz…

Aguardei, um, dois, três dias, e não obtive retorno da pessoa para a qual meu email foi encaminhado. Mas não desisti. Entrei em contato, diretamente, com a pessoa para a qual o Sepes encaminhou meu email (Tercius Barradas <tercius.inea@gmail.com>), em 10/11/2019 e, dois dias depois, a resposta me foi enviada.

Autorização para a Meia Volta Ilha Grande
Email recebido do Inea

Para minha surpresa, fui informada que, devido a demanda relativa à volta a ilha, estavam analisando caso a caso a possibilidade de fornecer uma autorização para a travessia da reserva, porém algumas condições impostas deveriam ser aceitas, sendo uma delas o recolhimento de lixo da Praia do Sul, exatamente como eu havia proposto.

Concordamos com todas as condições impostas, enviamos os documentos solicitados e tivemos nossa autorização de passagem pela reserva concedida.

Mas o “perrengue da autorização” não parou por aí. Fui informada que deveríamos portar a autorização original, para apresentar à algum fiscal que, porventura, viesse nos abordar durante a travessia da reserva. E onde deveríamos pegá-la? Na sede do Peig (Parque Estadual da Ilha Grande), na Vila de Abraão. No entanto, nós não começaríamos a nossa caminhada em Abraão, mas do outro lado da Ilha.

Sem alternativa, perguntei ao gestor do Inea se ele poderia enviar essa autorização para Angra e ele, prontamente, se dispôs a ajudar. Me enviou, no dia da nossa Meia Volta Ilha Grande,  a autorização pelo Fastboat Objetiva, a qual peguei no Cais de Santa Luzia.

Esse Tercius não existe. Que pessoa boa e atenciosa. Essa trip só aconteceu, da forma que queríamos, por causa dele. Se não fosse toda a atenção, toda a ajuda, que ele nos deu, não teríamos conseguido. O mundo precisa de mais pessoas assim.

Infelizmente uma pessoa do nosso grupo não foi autorizada a nos acompanhar, pois não era vacinada contra a febre amarela. Um dos requisitos para a travessia da reserva, era a apresentação do comprovante de vacinação contra a febre amarela, tendo em vista os 14 óbitos de humanos , além de dezenas de primatas, somente naquele ano, em virtude daquela doença.

Dia a Dia da Meia Volta Ilha Grande

Dia a dia da Meia Volta Ilha Grande
Altimetria total da Meia Volta a Ilha Grande

Como de costume, no dia anterior a Meia Volta Ilha Grande,  parti de busão da minha cidade para Sampa, local onde encontrei com a Luna e o Gabriel, dois dos amigos que participariam dessa trip.

Embarcamos no ônibus da Reunidas Paulista, as  24:00,  rumo à Angra dos Reis, onde chegamos por volta das 7:00 da manhã, do dia seguinte, e encontramos com o restante do grupo: Tatiana de Cássia, Emerson Fonseca, isabel Macedo, Bruno Raposo e Daniel Vazques

Dia 1: Praia da Cachoeira – Praia do Aventureiro

Praia de Araçatiba na Meia Volta Ilha Grande
Praia de Araçatiba

Grupo reunido, tratamos logo de pegar nossa  autorização para entrada na Praia do Aventureiro, junto a TurisAngra (abre as 8:00), que fica em frente à Praia do Anil, bem próxima ao Cais dos Pescadores. Lá, preenchemos um formulário, recebemos nossa autorização do Aventureiro e uma pulseirinha para utilizar enquanto estivéssemos na referida praia (acabamos ficando com ela durante toda a Meia Volta Ilha Grande).

Dali fomos tomar um café numa padaria existente dentro de um supermercado, em frente ao Cais em que embarcaríamos (Cais de Santa Luzia).

Após  o café, aguardamos o barqueiro da Fastboat Objetiva chegar com nossa autorização do Inea e partimos, as 9:20, para a Praia da Cachoeira com a Flaxboat Natiga, onde chegamos 30 minutos depois

A ideia inicial era desembarcar na Praia do Longa, e seguir para a Lagoa Verde,  mas o barqueiro da nossa embarcação (Flexboat Natiga) acabou nos convencendo a descer na Praia da Cachoeira, pois a pernada até lá seria mais curta. E assim fizemos, já que menos tempo caminhando significaria mais tempo na lagoa.

No entanto, somente ao desembarcar soubemos que a lagoa não estaria no sentido da nossa Meia Volta Ilha Grande, mas em sentido contrário, o que nos obrigou a fazer um bate e volta. Partimos então da Praia da Cachoeira por volta da 10:00 e seguimos por uma trilha fácil, com um pequeno desnível apenas no início e fim, chegando à Lagoa Verde as 10:20.

Lagoa Verde na Meia Volta Ilha Grande
Lagoa Verde

Ficamos impressionados com o verde da água da lagoa e com a beleza daquele lugar. Tratamos logo de aproveitar cada segundo naquele paraíso.

Nadei pela primeira vez com peixinhos e foi uma experiência encantadora.  Eles não fugiam da gente, mas se aproximavam. Provavelmente por estarem acostumados à presença de humanos.

Passamos 2 hora ali e prosseguimos com a Meia Volta Ilha Grande, as 12:20, rumo à Praia de Aventureiro, onde acamparíamos, passando antes pela Praia de Araçatiba, Praia de Araçatibinha e Praia de Provetá.

Praia de Araçatibinha na Meia Volta Ilha Grande
Praia de Araçatibinha

Até a Praia de Araçatibinha a trilha foi bem fácil, porém, a partir dali a coisa ficou feia. Para chegar à Provetá tivemos que transpor um morro com 200 metros de desnível. Levamos 2 horas para percorrer esse trecho. Felizmente, essa hora, o  tempo nublou, e não pegamos na cabeça todo aquele sol, que estava fazendo, anteriormente.

Chegando a Provetá demos de cara com o trailer do senhor Arthur, que vendia, entre outras coisa, um delicioso sacolé. Não tivemos dúvida, fizemos uma pausa ali e mandamos ver em um, dois e, até, três sacolés. Pensa num sacolé cremoso. O de coco é o melhor.

Mais adiante havia uma padaria, onde também fizemos uma pausa e comemos pão com mortadela e guaraná. Pouco esfomeados? rs

De barriga cheia, partimos as 16:50 rumo ao nosso destino final, Aventureiro, e, mais uma vez tivemos que enfrentar uma grande subida. E bota grande nisso: cerca de 350 metros de desnível. Foi bem sacrificante pegar um desnível desses a essa hora, pois já estávamos bem cansados.

Devagar e sempre subimos o morro sem fim, chegando ao seu topo as 18:40. Uma puxada subida de 1h50 desde Provetá.

Como nosso destino era a Praia de Aventureiro, ainda tínhamos que descer todo aquele morro. A descida foi mais rápida, porém não menos extenuante. Haja joelhos.

Chegamos, as 19:40, à Aventureiro, acabados, mas com a sensação de dever cumprido. Montamos nossas barracas no Camping do Luís, tomamos banho, jantamos e logo caímos no sono.

Apesar de ser feriadão e o camping estar cheio não tivemos problema com barulho. A certa hora o gerador foi desligado e só restou o som das ondas quebrando na praias. 

Percurso:  Praia da Cachoeira – Lagoa Verde – Praia de Araçatiba – Praia de Araçatibinha – Praia de Provetá – Praia do Aventureiro
Distância Total: 14 Km
Tempo: 10h10m
Camping: Camping do Luiz

 

Dia 2: Praia do Aventureiro – Praia de Parnaioca

Praia do Aventureiro

Nosso segundo dia na Ilha Grande amanheceu bem feio. Muitas nuvens negras no céu nos davam a certeza de que a chuva certamente cairia, mas felizmente isso não ocorreu.

Após um gostoso café da manhã  Emerson e eu fomos atrás dos fiscais do Inea, apresentar nossa autorização de passagem na Reserva Biológica da Praia do Sul. Procuramos pelos fiscais Fabinho e Anna Jiulia, conforme orientado pelo gestor do Inea, e encontramos o primeiro.

Como nossa caminhada seria relativamente curta, este dia, resolvemos aproveitar um pouco a praia, apesar do tempo nublado, partindo rumo à Praia de Parnaioca, nosso destino do dia, somente as 11:15.

Iniciada a caminhada, atravessamos a pequena Praia do Demo e logo estávamos no temido Costão do Demo, trecho de rocha inclinada onde quebram as ondas do mar.

Chegando à Praia do Sul após a travessia do Costão do Demo

É preciso ter muito cuidado neste local, pois em alguns pontos há água escorrendo. Um escorregão ali significa homem ao mar e provavelmente homem sem vida.

A tenção, no entanto, durou pouco. Logo estávamos pisando na bela Praia do Sul, onde iniciamos a colheita do lixo depositado ali pelas marés.

O início da praia não estava muito sujo, mas possuía muitos canudos pequenos, desses de pirulito. Porém, conforme avançávamos em direção ao ilhote (sempre caminhando pela areia, como orientado pelo gestor do Inea) que divide a Praia do Sul e  do Leste, a quantidade de lixo ia aumentando, assim como o tamanho dos mesmos.

Encontramos grandes Isopores e galões de combustível, garrafas plásticas e de vidro, cordas, latas de desodorante, enfim, uma quantidade tão grande de lixo que se tivéssemos que recolher tudo ficaríamos um dia inteiro ali.

Lixo recolhido pelo grupo

Mas como tínhamos que prosseguir com a nossa Meia Volta Ilha Grande, recolhemos o que conseguimos, e deixamos os sacos de lixo na amendoeira próxima ao Ilhote, conforme indicado pelo gestor do Inea.

Foram 3 Km percorridos na Praia do Sul,  em cerca de 2h10min.

Confesso que foi bem extenuante essa jornada. Ficar abaixando a todo momento para recolher o lixo, com a cargueira pesada nas costas, e ainda ter que carregar tudo até a amendoeira me desgastou muito fisicamente. Porém todo esforço valeu muitíssimo a pena. Não só pela ajuda que demos na limpeza da Praia, contribuindo com a preservação ambiental, mas também por termos estado num dos lugares mais lindos da Ilha.

Após  um tempo de descanso (sem adentrar ao mar, conforme orientado pelo gestor do Inea) continuamos a nossa Meia Volta Ilha Grande por uma trilha que contornava o Ilhote.

Uma das condições impostas para termos a autorização de passagem na reserva, era não passar por dentro do mangue. O gestor do Inea foi enfático ao pedir que contornássemos o Ilhote pela trilha e que, em hipótese alguma,  adentrássemos ao mangue, explicando como aquele ecossistema era frágil. E assim fizemos, atravessando o rio (e apenas atravessando) exatamente no local indicado.

Rio da Praia do Leste

Após a travessia do rio, cujas águas tem cor de coca-cola, já estávamos nas areias da Praia do Leste. Outra lindíssima praia da reserva a qual percorremos em cerca de 40 minutos. Ao seu final, descansamos um pouco antes de dar início ao último trecho do dia.

Energias recuperadas, partimos as 16:05 rumo ao nosso destino final, Parnaioca, onde chegamos por volta das 17:20, após enfrentar a única subida do dia, em meio a mata fechada. Cerca de 100 metros de desnível, porém menos íngreme que as subidas do dia anterior.

Logo estávamos de cara com o riozinho de Parnaioca onde não perdemos tempo e fomos dar um mergulho.  A água fria não foi capaz de esfriar os ânimos dessa turma maravilhosa. Ficamos por ali, aproveitando aquele finalzinho de tarde nublado, e só fomos para o nosso camping (Camping do Silvio) 1 hora depois, onde tomamos banho, jantamos e pusemos nossos corpos para descansar, ao som do canto de um pássaro (ao menos eu acreditava ser um pássaro).

Dia mais que lindo. Infelizmente  não tivemos a mesma sorte de quando fiz a Meia Volta a Ilha em 2012, quando pude ver o azul das águas da praias do Sul e do Leste, em toda sua plenitude.

O sol não deu as caras, dessa vez, fazendo com que a cor acinzentada das nuvens  refletisse na água do mar, fazendo-a parecer escura, principalmente nas fotografias. Porém, pessoalmente podíamos ver o quão clarinhas eram aquelas águas. Faltou o sol para elas mostrarem todo o seu esplendor.

Vale ressaltar que só passamos por essas praias (Praia do Sul e Praia do Leste) porque tínhamos autorização do Inea. No entanto, apesar da proibição do trânsito de pessoas na Reserva, sem autorização,  avistamos algumas delas desfrutando ilegalmente daquele espaço protegido. Tanto na praia do Sul como na do Leste vimos pessoas tomando sol, jogando frescobol, ou simplesmente caminhando em suas areias.  Tudo isso foi comunicado ao Inea, ao final da Meia Volta Ilha Grande, conforme solicitado por seu gestor, a fim de  melhorar a fiscalização na área.

Percurso:  Praia do Aventureiro – Praia do Demo – Costão do Demo – Praia do Sul – Praia do Leste – Praia de Parnaioca
Distância Total: 10 Km
Tempo: 6h10m
Camping: Camping do Silvio

 

Dia 3: Praia de Parnaioca – Praia de Palmas

Praia de Parnaioca

Após uma boa noite de sono, acordamos com um solzão lindo despontando no céu. A galera ficou  mais animada ainda. Hoje poderíamos aproveitar as praias do caminho, apesar de ser o nosso dia mais longo de caminhada (cerca de 25 Km).

Tratamos logo, então, de tomar nosso delicioso café da manha, preparado pelo Brunhinho e pela Tati, a qual deixou a nossa mesa  linda,  aos olhos e ao estômago.

Devidamente alimentados, desmontamos acampamento e partimos as 7:45 rumo à Praia de Palmas, nosso destino final do dia.

A caminhada seguiu inicialmente pela praia, até o Camping da Janete, onde adentramos na trilha para a Praia de Dois Rios, a qual se desenvolveu, quase que integralmente,  em  mata fechada,  com uma forte subida no início ( nada comparado com as subidas  do primeiro dia) e uma longa descida no final, apesar de mais suave.

Praia de Dois Rios

Foram longos 10 Km percorridos em 4 horas de caminhada (aproximadamente 10 Km), tendo o grupo chegado à Praia de Dois Rios por volta das 11:45. E que praia lindíssima, Meu Deus. Que azul era aquele daquele marzão? Impressionante!!

Cheguei bem acabada em Dois Rios, com muita dor nas costas, mas estar naquele lugar, ver toda aquela beleza a minha volta me fez esquecer da dor rapidinho.

Sem pressa preparamos o nosso almoço, almoçamos, tomamos banho de mar, comemos vários sacolés (existiam dois vendedores na praia) e as 14:20, prosseguimos com a nossa caminhada.

Antes de deixar Dois Rios, encontramos com dois Guarda Parques que nos aconselharam a seguir direto para Abraão, pela estrada, metendo o maior terror para não seguirmos pela trilha de Caxadaço à Lopes Mendes.  Disseram que uma moça havia tentado fazer essa trilha e retornou à Dois Rios toda machucada. Certamente ela foi na cara e na coragem, sem sequer se guiar por um GPS. Não era o nosso caso.

De qualquer forma, me deixei levar pelas palavras do Guarda Parque e, pelo adiantar das horas, questionei se seria prudente seguir direto de Caxadaço para Lopes Mendes, pois poderíamos estar ainda na trilha quando caísse a noite. Aquele trecho não era muito fácil de se percorrer durante o dia, que dirá a noite.

Mas logo meus amigos me abriram os olhos e me fizeram seguir com os planos, afinal estávamos com o GPS, com o qual já me orientei, anteriormente, sem qualquer visibilidade.

Porém, antes de tudo, fizemos uns cálculos para verificar quanto tempo poderíamos ficar em Caxadaço, para conseguirmos chegar em Lopes Mendes ainda de dia (a partir dali era bem aberto, não teríamos qualquer problema em seguir a noite). Pelos nossos cálculos foram apenas 30 minutos. Pouco, para uma praia daquela beleza,  mas melhor que nada.

Seguimos então com a caminhada até Caxadaço, por uma trilha  mais fechada, porém visível. Boa parte desse trecho é em subida, apesar de mais suave que as anteriores. Apenas o último quilômetro é feito em descida, a qual finaliza na praia.

Praia do Caxadaço

Foram aproximadamente 4 Km de caminhada, percorridos em 1h40 min.

Assim que colocamos os pés nas areais de Caxadaço, as 16:20, fomos rapidamente dar um mergulho. A água estava geladíssima, o que não me permitiu ficar lá por muito tempo.

Apreciamos um pouco a vista, fizemos alguns cliques e , com 25 minutos de atraso, partimos,  as 17:15, rumo a Lopes Mendes, caminhando rapidamente, ante o adiantar das horas. Tínhamos menos de 1 hora de sol.

A trilha entre Caxadaço e Lopes Mendes era bem demarcada no chão, porém em  dois/três trechos a mesma sumia. O GPS foi imprescindível nessas horas; além da grande ajuda do amigo Bruno, que ia analisando a trilha à minha frente. Adivinha onde ele não sabia por onde seguir? Exatamente naqueles trechos que falei.

Até existiam algumas fitinhas, amarradas em galhos,  indicando a direção nesses pontos mais complicados, mas a maioria só avistamos após analisarmos o GPS. Assim,  não aconselho ninguém a se guiar apenas por essas fitas, pois elas podem passar desapercebidas, ou mesmo não estarem mais lá. Repito: não confiei que você enxergará essas fitinhas.

Praia de Lopes Mendes

Percorremos esse trecho de pouco mais de 3 Km  em 1h45min, chegando à bifurcação, que desembocava na trilha de Lopes Mendes, as 19:00 e, na praia, propriamente dita, 5 minutos depois, com um pôr do sol incrível, brindando a nossa chegada. Presente de Deus lindíssimo para fechar com chave de ouro o dia.

Chegando em Lopes Mendes relaxamos e não tivemos mais qualquer pressa. Afinal com aquela trilha que mais parecia uma estrada, seria tranquilinho chegar até a Praia de Palmas, onde acamparíamos.

Ficamos lá então, curtindo a praia, fazendo alguns cliques  e as 20:00 horas, pouco depois de eu quase esmagar, sem querer, um vagalume que passeava na areia, com minha grande bota,  partimos rumo a Palmas, onde chegamos as 21:15, extremamente exaustos, mas infinitamente felizes.

Antes de seguir para o Camping Nascer do Sol (ou Camping do Baiano), paramos no restaurante Moranguinho e jantamos uma moqueca. Não estava lá essas coisas, mas deu para matar a fome.

Pançinhas cheias, fomos finalmente para o nosso camping onde tomamos um bom banho e caímos no mais profundo sono.

Percurso:  Praia de Parnaioca – Praia de Dois Rios – Praia do Caxadaço – Praia de Lopes Mendes – Praia de Pouso – Praia de Mangues – Praia de Palmas
Distância Total: 25 Km
Tempo: 13h50
Camping: Camping Nascer do Sol (Baiano)

 Dia 4: Praia de Palmas – Vila de Abraão

Topo do morro que separa a Praia de Palmas da Vila de Abraão

Neste dia, Tati e eu partimos de Palmas, rumo a Abraão, mais cedo que os demais (as 5:15), pois pegaríamos o primeiro barco (Fastboat Objetiva) para Angra, as 8:00, a fim de conseguirmos embarcar no ônibus de volta às nossas cidades, as 9:00.

Gatinho fofo que ficou pedindo carinho na trilha

A caminhada do dia se resumiu a subir um grande morro, com desnível de 200 metros, e posteriormente descê-lo até a Vila de Abraão.

No meio do caminho encontramos com um gatinho, que passou a nos acompanhar. Ele se jogava a todo momento à nossa frente, com a barriga virada para cima, pedindo um carinhosinho. Impossível resistir a tanta fofura.

Praia da Vila de Abraão

Chegamos a Abraão as 6:50 e, como ainda faltava algum tempo para a nossa partida, fomos tomar café da manhã numa padaria perto dali.

As 8:00 deixamos a Ilha Grande, no Fastboat Objetiva, e as 8:20 desembarcamos no Cais de Santa Luzia em Angra dos Reis, onde pegamos um taxi até a Rodoviária e de lá seguimos de volta para as nossas cidades.

 

Percurso:  Praia de Palmas – Vila de Abraão
Distância Total: 4 Km
Tempo: 1h50m
Camping: Camping Nascer do Sol (Baiano)

 


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