Dicas Aclimatação para o Circuito Ausangate via Vinicunca

O Circuito Ausangate é um trekking que contorna o Nevado Ausangate (6.384m), na Cordilheira Vilcanota, região de Cusco, no Peru.

A caminhada se inicia e termina no povoado de Tinke (3800m) e se desenvolve, em sua maior parte, acima dos 4300 metros de altitude, transpondo passos de montanha acima dos 5000 metros.

Desta forma, a fim de evitar o Mal Agudo de Montanha, é imprescindível passar por um prévio processo de aclimatação, adaptando o corpo à baixa concentração de oxigênio e a baixa pressão atmosférica.

Entender como o corpo se comporta em grandes altitudes e saber lidar com os sinais que ele nos apresenta é importante não apenas para o sucesso da caminhada, mas também para a própria segurança.

O Que é Aclimatação?

Chama-se aclimatação o processo de “acostumar” o corpo à baixos níveis de oxigênio.

O ar é composto de 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% de outros gases. A medida que se sobe a porcentagem de oxigênio no ar permanece relativamente constante (21%), mas a densidade do ar cai, ou seja, as moléculas de oxigênio ficam muito mais afastadas umas das outras.

Desta forma, em grandes altitudes, o número de moléculas de oxigênio é menor (ar menos denso), se comparado com o mesmo volume de ar ao nível do mar, onde as moléculas estão mais juntas (ar mais denso), conforme figura abaixo.

Quanto maior a altitude, menor a densidade do ar e, consequentemente, menor a pressão atmosférica exercida sobre o corpo.

A baixa concentração de oxigênio no ar, e a baixa pressão atmosférica, fazem com que o corpo ative mecanismos de adaptação a essas condições. São eles:

a ) Aumento da frequência respiratória
b) Aumento na produção de hemácias
c) Aumento da frequência cardíaca

Quando o corpo é exposto a grandes altitudes, primeiro haverá um aumento na frequência respiratória. Os pulmões trabalharão mais rápido para conseguir fornecer mais oxigênio às hemácias, que o transporta aos tecidos. A respiração se tornará, assim, mais rápida e profunda, mesmo em estado de repouso.

Devido a pouca quantidade de oxigênio o corpo passa a produzir mais hemácias, a fim de carregar uma quantidade maior de oxigênio aos tecidos. Isso faz com que o sangue fique mais espesso.

O sangue mais espesso, por sua vez, torna difícil a circulação sanguínea, causando um encargo adicional ao coração, que tem que trabalhar mais rápido para bombeá-lo.

Por esse motivo é extremamente importante beber muita água a fim de deixar o sangue o mais liquefeito possível.

Linha de Aclimatação

A maioria das pessoas pode subir do nível do mar até 2.400m sem ter qualquer sintoma de Mal Agudo de Montanha porém, acima disso, os níveis de oxigênio e a pressão atmosférica mudam significativamente começando a ter impacto sobre a fisiologia das pessoas.

Por esse motivo é necessário acostumar o corpo a nova altitude e somente subir mais após estar aclimatado àquela altitude.

E como fazemos isso?

Permanecer tempo suficiente na altitude de partida, bebendo muita água e não fazendo esforço nos primeiros dias.

Desta forma, o corpo vai se aclimatar e será possível progredir para altitudes mais elevadas mantendo-se assintomático.

Mas quanto podemos subir por dia para continuarmos aclimatados? O ideal são de 500 a 700 metros por dia.

Fala-se na chamada linha de aclimatação, que corresponde a uma linha de altitude de uma pessoa na qual os sintomas de altura começam a aparecer.

Exemplificando:

Imagine que a linha de altitude de uma determinada pessoa é de 3.100 m. Se essa pessoa percorre 3.000 metros ela permanecerá assintomática, pois está abaixo de sua linha de aclimatação. Uma ou duas noites a esta altitude irá garantir que ela esteja totalmente aclimatada e sua linha pode aumentar para 3.800m.

Em seguida, essa pessoa caminha para 3.700m e permanece sem sintomas de altitude, pois está abaixo da sua linha de aclimatação (3800). Porém, se ela não parar em 3700 , continuando até 4.000 m, poderá começar a sofrer do mal de altura.

O que fazer quando se deparar com esse tipo de situação?

Descer de volta para baixo da sua linha de aclimatação (no exemplo, abaixo de 3.800m) para descansar. Um dia ou dois deve resolver quaisquer sintomas do mal de altitude. Em alguns casos, isso pode significar ir um pouco mais alto para ir mais baixo logo em seguida (ou seja, transpor um passo de montanha, como ocorre no Circuito Ausangate).

Se você não descer e continuar a subida sua condição só irá piorar e você não conseguirá mais se aclimatar.

Ficar abaixo da linha de altitude em que os sintomas começaram é fundamental para a própria segurança.

Mal Agudo de Montanha

A doença de altitude, chamada Mal Agudo de Montanha (MAM) ou Altitude Mountain Sickness (AMS), em inglês, é uma patologia que acomete pessoas que chegam à grandes altitudes muito rapidamente.

A suscetibilidade de uma pessoa ao Mal Agudo de Montanha não tem nenhuma correlação com idade, gênero ou condicionamento físico. Tudo o que se sabe é que subir mais de 500 metros por dia aumenta a probabilidade de ocorrência dos sintomas do mal de altitude, os quais se dividem em: leves, moderados e graves

Normalmente a doença de altitude se inicia com sintomas leves e progride para sintomas mais graves se a pessoa continua subindo nesta condições.

Mal Agudo de Montanha Leve

Sintomas: fadiga, dores de cabeça, náuseas, perda de apetite, tonturas, perturbações do sono e falta de ar.

Esses sintomas são observados, normalmente, no primeiro dia, após a chegada a uma grande altitude. São comuns para os visitantes de Cusco. Permanecer 1 ou 2 dias na altitude em que a doença leve ocorreu, irá fazer com que os sintomas cessem.

Assim que os sintomas cessarem, na altitude em que começaram, você poderá considerar-se aclimatado e poderá subir de 500 a 700m por dia, sem senti-los novamente.

Mal Agudo de Montanha Moderado

Sintomas: dores de cabeça muito fortes que não são aliviadas com medicação (a pior enxaqueca que você já teve), náuseas horríveis, por vezes resultando em vômitos, fadiga extrema e fraqueza, falta de ar, diminuição da coordenação.

Na maioria das vezes a pessoa ainda pode andar, mas continuar a ascensão sob estas condições certamente irá resultar em piora do quadro clínico. A descida, para a altitude em que os sintomas não estavam presentes, é a única cura para esta condição. Desaparecendo os sintomas é possível continuar a subida.

Mal Agudo de Montanha Grave

Sintomas: incapacidade de caminhar, falta extrema de ar, perda de capacidades cognitivas, alucinações .

HACE (High Altitude Cerebral Edema) e HAPE (High Altitude Pulmonar Edema) estão geralmente associados com a doença de altura grave. Nesses casos há entrada de fluídos no cérebro ou nos pulmões, respectivamente, e os sintomas são um pouco mais específicos.

Sintomas HACE: dor de cabeça muito forte, alucinações, perda de coordenação e desorientação, perda de memória, perda de consciência e coma.

Sintomas HAPE: muita falta de ar, peito muito apertado, sensação de sufocamento, especialmente durante o sono, tosse com líquido branco espumoso, alucinações, fadiga extrema e comportamento irracional.

Continuar a subida sob estas condições é extremamente perigoso e potencialmente fatal. Descer imediatamente é a única solução.

É importante lembrar que a doença de altitude grave e as suas variantes (HACE e HAPE), são muito raras  na região do Circuito Ausangate.

Lá, você não vai fazer trekking em extrema altitude e todas as rotas terão bons perfis de altitude que permitem caminhar alto e dormir baixo, após a transposição de um passo de montanha.

O Sistema Lake Louise AMS

Como dito anteriormente, a doença de montanha, chamada Mal Agudo de Montanha (MAM) ou Altitude Mountain Sickness (AMS), em inglês, se caracteriza por um conjunto de sintomas específicos, que acomete pessoas que sobem rapidamente de baixas altitudes para altas altitudes.

O sistema Lake Louise AMS baseia-se nesses sintomas para definir qual o grau de doença de altitude que uma pessoa está sofrendo(leve, moderado ou grave), através da somatória de pontuações definidas para cada um deles, conforme tabela abaixo.Se o somatório das pontuações ficar entre 1 e 3 pontos considera-se que a pessoa está sendo acometida por mal agudo de montanha leve; se ficar entre 4 e 6 fala-se em mal agudo de montanha moderado e , acima de 6, tem-se o mal agudo de montanha grave.

No primeiro caso, os sintomas cessam apenas com descanso e remédio. Nos dois últimos casos, porém, apenas a descida para uma altitude mais baixa é a solução.

Alguns remédios tratam ou amenizam os sintomas do mal de montanha, sendo os mais indicados: Ibuprofeno e AAS (tratamento de dor), Plasil (tratamento de enjoo e vômito), Acetazolamida (prevenção e tratamento do mal de montanha), Nifedipina (tratamento de edema pulmonar), Dexametasona (tratamento de edema cerebral). AAS, em baixas doses, age “afinando o sangue”, porém é incompatível com Acetazolamida.

Previna para não remediar. Aclimate-se bem e você não precisará utilizar nenhum desses remédios.

Vale lembrar que, antes de colocar qualquer medicamentos no seu kit primeiros socorros, é necessário consultar um médico.

Oxímetro

Em uma comedida síntese, o oxímetro é um aparelho médico que mede a quantidade de oxigênio no sangue de uma pessoa, através da emissão de luz vermelha e infravermelha sobre a hemoglobina oxigenada e desoxigenada, apontando se você está com muito ou pouco oxigênio no sangue. Há também aferição dos batimentos cardíacos.

Como vimos anteriormente, quanto maior a altitude, menor a saturação de oxigênio no sangue. Desta forma, a leitura do oxímetro dará resultados cada vez menores, conforme se sobe à grandes altitudes.

Abaixo podemos verificar leituras consideradas normais em pessoas recém chegadas em determinada altitude:
Por outro lado, quanto maior a altitude maior a frequência cardíaca, já que o coração tem que trabalhar mais rápido para bombear o sangue mais espesso.

Em baixas altitudes os batimentos cardíacos ficam por volta de 70/min. Conforme se sobe à grandes altitudes os batimentos aceleram, podendo chegar a 120 batimentos por minuto em estado de repouso.

Em ambos os casos, a tendência é que isso melhore com o passar do tempo; que o nível de saturação do oxigênio no sangue suba e que os batimentos cardíacos diminuam. Esse é um sinal de que o corpo está se aclimatando.

Apesar de ser um aparelho importante para analisar o processo de aclimatação, não é possível afirmar que uma pessoa está sendo acometida ou não pelo Mal Agudo de Montanha utilizando apenas as informações colhidas com um oxímetro, sendo também necessária a aplicação do Sistema Lake Louis para tanto.

O simples fato de uma pessoa estar com altos níveis de saturação de oxigênio no sangue, e com batimentos próximos do normal, não significa, necessariamente, que ela está aclimatada. É necessário analisar, também, o que ela está sentindo naquele momento, para se chegar a uma conclusão.

Aclimatando-se Corretamente

Algumas regrinhas devem ser seguidas a fim de ajudar o corpo a se adaptar às grandes altitudes:

1. Beba 4 litros de água por dia, no mínimo, a fim de deixar o sangue mais liquefeito. A produção de hemácias em grandes altitude aumenta para fornecer mais oxigênio aos tecidos, trazendo uma sobrecarga ao coração, que terá que trabalhar muito mais rápido para bombeá-lo. Inicie sua hidratação antes de sair do Brasil, a fim de que seu corpo já chegue preparado para enfrentar as mudanças por qual passará.

2. Aclimate-se durante um mínimo de 2 dias na cidade de chegada. Não se esforce nesses dias. Apenas descanse, ou faça caminhadas bem levinhas, e deixe o seu corpo trabalhar para se adaptar à baixa quantidade de oxigênio.

3. Ande bem devagar na trilha para não se cansar demasiadamente. Um corpo cansado vai priorizar a recuperação ao invés da aclimatação. Se você se sentir muito cansado durante a trilha mude os seus planos, acampe antes do planejado e descanse.

4. A partir do terceiro dia, você já pode começar a subir, se estiver se sentindo bem. Porém, suba apenas 500-700 metros por dia, para não passar da sua linha de aclimatação (acima disso os sintomas do mal de montanha começam a aparecer). Utilize também a regra de “caminhar alto, dormir baixo”, a fim de “enganar” o corpo, forçando-o a produzir mais hemácias. O que isso significa? Se você estiver escalando uma montanha, significa que você deverá subir à altitude superior com um pouco de carga, depositá-la lá e retornar para a altitude mais baixa, em que estava antes, para dormir; Se estiver fazendo um trekking, onde transporá passos de montanha, significa que você deverá dormir no local mais baixo (transponha o passo e desça).

5. Alimente-se bem, mesmo que você não sinta fome. Em grandes altitudes o gasto calórico é muito maior. Assim é necessário ingerir muitas calorias para repor as energias. Como bem disse a Lizete Florenzano em um de seus artigos, não importa muito o que você vai levar, o importante é que seja muito calórico e que você goste muito. Grandes altitudes provocam perda de apetite, então, leve apenas alimentos que sejam muito saborosos, para facilitar que você os coma. Porém, procure levar alimentos leves (comida liofilizada, por exemplo) e de rápido cozimento (o ponto de ebulição da água diminui aproximadamente 3ºC a cada 1000 metros de altitude, assim, vai demorar mais para cozinhá-los, gastando mais combustível).

6. Se você estiver escalando uma montanha e for acometido por sintomas leve do Mal Agudo de Montanha não suba mais. Permanecer 1 ou 2 dias na altitude em que a doença leve ocorreu, irá fazer com que os sintomas cessem. Se os sintomas piorarem, desça imediatamente.

7. Se você estiver fazendo um trekking e for acometido por sintomas leve do Mal Agudo de Montanha, mas precisará subir um passo de montanha para descer logo em seguida, alcance o passo e desça imediatamente.

8. Se você estiver escalando ou fazendo trekking e for acometido por sintomas moderados ou graves, do Mal Agudo de Montanha, desça imediatamente. Permanecer àquela altitude, onde os sintomas se iniciaram, ou continuar a subida, só fará com que a sua condição piore. A descida, para a altitude em que os sintomas não estavam presentes, é a única cura. Desaparecendo os sintomas é possível continuar a subida.

9. Não se sentiu bem em altitudes elevadas? Assuma que está com o Mal Agudo de Montanha e inicie o seu tratamento.

10. Não fume ou utilize bebida alcoólica. Isso só vai prejudicar seu processo de aclimatação.

Eu fiz exatamente o que falei acima e mantive-me bem aclimatada durante todo o circuito. No entanto, cada corpo reage de uma maneira diferente.

Como Apliquei Isso no Circuito Ausangate

O que torna o Circuito Ausangate difícil , e potencialmente perigoso, é a velocidade com que se chega a altitude mais elevada.

Assim, antes de partir para Tinke é necessário aclimatar-se muito bem em Cusco (3400m), cidade onde o seu avião irá pousar, e ir ganhando altitude aos poucos .

Cusco está em alta altitude e geralmente acima da linha de aclimatação da maioria das pessoas. Então, sintomas do mal de montanha leve são comuns. Continuar a ascensão na presença desses sintomas em nada contribuirá para a sua aclimatação, e só agravará o seu estado.

Li em muitos artigos que uma boa aclimatação era a chave do sucesso de um trekking em altitude. E aclimatar-se bem significava beber muita água, não fazer esforço nos primeiros dias, alimentar-se bem, ganhar altitude aos poucos, movimentar-se de maneira lenta, caminhar alto e dormindo baixo.

A par dessas informações montei meu plano de aclimatação e fiz da seguinte forma:

1. No dia da viagem, comecei a tomar muita água (4 litros, no mínimo), a fim de já ir preparando o corpo para as mudanças que ele iria enfrentar quando chegasse a Cusco, que está a 3400 metros de altitude.

2. Permaneci 2 dias em Cusco, ora descansando ora fazendo leves caminhadas pela cidade, continuando a tomar 4 litros de água por dia.

3. Após a aclimatação prévia em Cusco, parti para Tinke (3800), no terceiro dia, e fiquei quietinha, descansando e me hidratando muito ( 4 litros).

4. No quarto dia, fui de carro, até a Laguna Singrenacocha (4400 m) que fica próxima a Tinke, para aclimatar a esta altitude (mesma altitude do primeiro acampamento no Circuito Ausangate), retornando para dormir em Tinke, sem fazer qualquer tipo de esforço físico, priorizando, assim, a aclimatação. Muita água mais uma vez (4 litros)

5. No quinto dia, iniciei o Circuito Ausangate subindo no máximo 500-700 metros por dia, que era o que o próprio Circuito já nos oferecia, conforme as áreas de acampamento. Pretendia continuar tomando 4 litros de água por dia, mas não consegui, pois a água de lá não era muito convidativa (sempre haviam fezes de alpacas e lhamas muito próximas). Tomei apenas 1,5 litros. A cada 30-40 minutos parava por cerca de 5 minutos para comer alguma coisa (chocolate, castanhas ou bolacha salgada) e tomar um gole de água. Andava bem devagar (o que ajudou muito não só na aclimatação mas também a suportar os 19Kg que eu levava nas costas). Quando o grupo estava muito cansado para continuar, o dia de caminhada foi encurtado, acampando-se antes do planejado (mas em áreas pré estabelecidas no nosso Plano B).

6. Acompanhei meu processo de aclimatação através da utilização de um oxímetro e da tabela Lake Louis, a fim de previne a doença de altitude e saber como agir em caso de ser acometida por esse mal.

Como podem ver, a partir do momento em que iniciei o circuito, não bebi toda a água necessária para uma boa aclimatação (4 litros), porém, ainda assim fiquei bem, sem sentir qualquer sintoma na maior parte da caminhada. Não faça isso. Hidrate-se corretamente, mesmo que seja difícil.

Em 3 ocasiões tive uma leve dor de cabeça, sendo elas:

a) No final da caminhada do primeiro dia do circuito, em Upis Thermas. Primeiro dia que deixei de tomar os 4 litros de água (tomei apenas 1,5 L)

b) Na manhã do quinto dia do circuito, em Quesiuno. No dia anterior havíamos enfrentado o primeiro passo de 5000 metros de altitude.

c) Na manhã do sexto dia do circuito Ausangate. Creio que ainda estava sob os efeitos do Passo de 5000 metros.

Fora isso, quando dormimos, pela primeira vez, muito próximos aos 5000 metros, em Anantapata (4740 m) acordei a noite com uma sensação de peito apertado. Adormeci novamente e acordei, pela manhã, sem senti mais nada. Foi o único lugar em que senti isso. No nono dia do circuito, nós também acampamos próximo aos 5000 metros, no Acampamento Jampa (4800m) mas não voltei a sentir aquele aperto no peito.

Eu considerei a minha aclimatação muito boa, já que tive apenas 2 episódios de leve dor de cabeça e 1 episódio de aperto no peito, provavelmente pelo fato de não estar tomando água suficiente.

Relativamente ao controle que fiz utilizando a tabela Lake Louis e um oxímetro, alguns podem achar um exagero para o Circuito Ausangate, já que se trata apenas de um trekking, não uma escalada de um nevado, por exemplo. Porém, como eu nunca tinha estado em altitudes elevadas, o receio de como meu corpo reagiria era grande. Assim, procurei utilizar todos os meios que pudessem ajudar a verificar como andava meu processo de aclimatação, a fim de evitar um possível mal de montanha.

Elaborei uma planilha, baseada na planilha que vi em um artigo da Alta Montanha, contendo  os sintomas da doença de altitude, com as respectivas pontuações, e fui analisando, dia a dia, o comportamento do meu corpo durante o circuito, anotando também os dados colhidos com o oxímetro,  conforme abaixo.

Um amigo acredita que essa história de ficar aferindo saturação de oxigênio, controlando sintomas com tabela, mexe com o psicológico das pessoas; que já viu muita gente piorar depois de saber que a saturação não estava boa, por exemplo.

Isso não aconteceu comigo. Muito pelo contrário. Achei  interessante ver como meu corpo ia reagindo dia a dia à elevada altitude. Não vi, em momento algum, motivo para temor. Mas se você tem a mesma opinião que ele, faça o que achar melhor.

Eu não aconselho ficar sem nenhum tipo de controle e “seja o que Deus quiser”. Pela boa experiência que tive, considero-o importante, já que, através dele, você poderá verificar como anda a sua aclimatação e agir para melhorá-la; verificar se está sofrendo ou não de doença de altitude e buscar o tratamento mais adequado.

Não sou experiente em grandes altitudes. Essa foi a minha primeira vez em alta montanha. Porém, li muito sobre o assunto, em artigos de pessoas muito renomadas, como Lisete Florenzano, Manoel Morgado, Maximo Kausch e Marcelo Delvaux, e procurei aprender ao máximo.

Esse post não visa exaurir o assunto, mas ser apenas um norte para aqueles que, assim como eu, estão começando.

Para Mais Informações:

Entenda Como é o Processo de Aclimatação para Escalada em Alta Montanha (Blogdescalada)
Mal de Altitude (Portal Extremos)
Mal de Altitude (Alta Montanha)
Evitando o Mal de Altitude (Alta Montanha)
Remédios e Tudo Sobre Altitude (Alta Montanha)
Aclimatação de Verdade (Alta Montanha)
Uso de Oxímetro em Escaladas de Alta Montanha (Alta Montanha)
Aclimatação à Altitude e Patologias de Montanha (Marcelo Delvaux)


Mais sobre essa trip

Planejando Circuito Ausangate Via Vinicunca
PLANEJANDO
Dicas Circuito Ausangate Via Vinicunca
DICAS
Tracklog Circuito Ausangate Via Vinicunca
TRACKLOG
Fotos Circuito Ausangate Via Vinicunca
FOTOS
Vídeo Circuito Ausangate Via Vinicunca
VÍDEO
Relato Circuito Ausangate via Vinicunca
RELATO
Aclimatação na Laguna Singrenacocha
LAGUNA SINGRENACOCHA

Deixe uma comentário