Dicas Circuito Ausangate Via Vinicunca

Em Dicas Circuito Ausangate via Vinicunca você encontra muitas informações que te ajudarão a realizar essa desafiadora caminhada de forma totalmente autônoma, sem guias e sem mulas.


O Apu Ausangate

Vista de Ausangate no primeiro dia do circuito

O Circuito Ausangate é um trekking que circunda o Nevado Ausangate, localizado na Cordilheira Vilcanota, no distrito de Ocongate,  província de Quispicanchi, em Cusco.

Com seus 6.384 de altitude Ausangate é considerada  uma Apu (montanha sagrada), sendo a mais sagrada de toda a região.

Tida como doadora de  vida, principalmente devido as águas que escorrem de suas geleiras, é palco de cultos e oferendas desde os tempos pré-incas, sendo anualmente celebrada, aos seus pés, a Fiesta del Señor de Qoyllur Riti (Senhor da Neve Brilhante).

Nesta festa, milhares de peregrinos se reúnem aos pés do Nevado Ausangate, no templo de Sinakara, para cultuar ao Sr. Qoyllur Riti (personificado em uma imagem de Cristo desenhada sobre uma rocha) e venerar suas Apus tutelares , oferecendo sacrifícios, danças e cerimônias em honra das mesmas para garantir a colheita e a renda para o próximo ano.

O ritual, associado com a fertilidade da terra e a adoração de Apus, faz parte de um das maiores festas indígenas da América. Tem como  símbolo externo a imagem de Cristo, devido aos anos de imposição da religião católica a seu povo, mas o objeto de fundo é a integração do homem com a natureza, perpetuando assim  a tradição de seus antepassados incas.

A região se  manteve isolada do mundo ocidental por muitos anos, permitindo  a preservação das tradições dos povos quechuas,  que vivem hoje  basicamente do pastoril, das plantação de tubérculos, como ocas e batatas,  e do artesanato.

Vinicunca – A montanha Colorida

Chegando em VinicuncaVinicunca ou Winicunca é uma montanha colorida, localizada próxima ao Apu Ausangate.

Também chamada , Rainbow Mountain, Cerro de Colores, Montanha Arco-íris, surgiu da movimentação de placas tectônicas, que inclinaram as suas camadas sedimentares, formadas por diversos minerais.

Referidas camadas acabaram ficando expostas após sofrerem, ao longo dos anos,  ação de diferentes condições ambientais,  dando à Vinicunca à aparência que ela tem hoje.

A maioria das pessoas chega à Vinicunca através de excursões que saem, pela madrugada, de Cusco e retornam no mesmo dia, à noite.

Essas excursões levam os turistas, de van, até um povoado chamado Quesiuno e lá fazem um trekking, bate e volta, à montanha colorida, muitas vezes utilizando suporte de mulas, para os que não aguentam o percurso ou os efeitos da altitude.

Assim, se você quer conhecer Vinicunca, mas não quer enfrentar a pernada do Circuito Ausangate, pode contratar uma dessas empresas, que oferecem pacotes diários para a região.

Eu, particularmente, considero esse tour à Vinicunca, da forma como é feito, muito agressivo à saúde, já que se sobe de 3400 (Cusco) a 5000 (mirante Vinicunca) em um só tiro, sem se passar antes por um processo de aclimatação adequado. O ideal seria ficar dois ou três dias em Cusco, depois aclimatar a 4100 e 4800, e só então partir para Vinicunca, a fim de evitar o mal agudo de montanha (leia mais sobre aclimatação aqui),

Se você ficou interessado em saber mais sobre o serviço prestado pelas empresas anteriormente mencionadas, leia as matérias publicadas nos blogs Expedição Andando por Aí e Trotaméricas.

Agora, se você deseja conhecer Vinicunca percorrendo o Circuito Ausangate, continue lendo este post, que está recheado de informações.

As Pessoas

Povos locais no Circuito AusangateLi em vários relatos que esse era um circuito solitário, que não se encontravam muitas pessoas pelo caminho. Realmente não encontramos muitas pessoas, comparado com outros lugares em que já estivemos, mas não houve um dia sequer que não cruzamos com habitantes locais ou trekkers.

No primeiro e último dia de caminhada avistamos um número maior de pessoas, em sua grande parte crianças,  que chegavam até nós pedindo doces.

Nos demais dias esse número caiu significativamente, mas encontramos  alguns locais trabalhando, alguns guiando trekkers,  outros pastoriando, outros cobrando a taxa de camping (estes últimos apareciam apenas pela manhã).

Trekkers, fazendo o circuito, também não eram muitos. Encontramos apenas com uns 4 grupos que estavam sendo guiados pelos locais e um grupo que fazia o circuito de forma independente, como nós, sem guias e sem mulas. A exceção foi o Acampamento Jampa onde apareceram vários trekkers.

Em Quesiuno vimos brotar turistas como formigas no doce, que em questão era Vinicunca. Eles chegavam de van até lá e caminhavam até a montanha colorida. Grande parte deles não era trekker, o que se podia notar facilmente pelas suas vestimentas.

Em geral os locais falavam castelhano, mas nos deparamos com pessoas que falavam apenas quechua. De qualquer forma não tivemos problema com isso, pois quem chegava até nós para cobrar a taxa de camping chegava falando o valor em castelhano. Fora isso não era possível entender uma palavra sequer do que diziam.

Flora e Fauna

Flor encontrada durante o Circuito AusangateO ecossistema em torno do Apu Ausangate é chamado de “puna” , paisagem com pouca vegetação, clima frio e seco, alta exposição solar e fortes ventos glaciares que esfriam o ambiente.

O local é tão seco que parece que nada sobrevive ali, a não ser as ralas gramíneas que alimentam as lhamas e alpacas da região, e  algumas poucas touceiras de mato amarelado. Senti-me como se estivesse em um grande deserto , em muitos momentos.

Entretanto, a vida brota de forma extraordinária naquele lugar, como a flor da foto acima, que encontramos entre Jatum Pucacocha e Anantapata, surgindo diretamente do chão seco, sem qualquer tipo de caule.

Alguns animais habitam o local, como o condor,  beija-flor gigante, raposa, gato andino, vicunhas,  lhamas, alpacas, viscachas e ganso andino. No entanto vimos apenas os quatro últimos.

O Clima

Manhã gelada durante o Circuito Ausangate

Como dito anteriormente, o clima na região do Apu Ausangate é frio e seco. Durante o dia há muita exposição solar mas os ventos glaciares que sopram dos nevados esfriam o ambiente,.

Na estação mais seca (junho a setembro),  a temperatura no local frequentemente cai abaixo de zero durante a noite, embora possa ser agradável durante o dia.

Estivemos lá nessa época, e pudemos sentir isso na pele. O sol ardia com toda a sua força, mas a brisa gelada mantinha o ambiente resfriado, o que nos fazia andar com roupas quentes e, na maioria das vezes, com o anorak por cima delas.

Eu  me vestia da seguinte forma: segunda pele fina (calça e blusa), calça de caminhada e anorak por cima. Quando sentia que o dia estava mais frio usava uma camada mais quente, de polartec. Com exceção dos dois primeiros dias, em todos os outros caminhei com a camada de polartec.

Deixava sempre a fácil alcance, minha calça e luvas impermeáveis, e minha camada mais quente (pluma ou polartec, se já não estivesse com ela),  para os momentos de nevasca,  que ocorriam todos os dias entre as 14:00 e 15:00 horas, e despencavam as temperaturas bruscamente.

Assim, apesar do sol, ande sempre com roupas que te mantenham aquecido dos frios ventos que sopram dos nevados,  e esteja sempre preparado para encarar nevascas que, pelo o que pudemos observar, ocorrem diariamente no local, nessa época.

Oportuno frisar que  o frio intenso sempre vinha quando o sol era encoberto, seja por uma nuvem , por uma nevasca ou pelo cair da noite.

Amanhecer e Entardecer

Entardecer durante o Circuito AusangateQuando fizemos o Circuito Ausangate, em agosto de 2016, o  pôr do sol se dava por volta das 17:40, momento em que as temperaturas despencavam, resultando em noites muito geladas, sempre abaixo de zero. O dia amanhecia sempre com tudo coberto de gelo, por volta das 6:00, tendo a mais baixa temperatura ocorrido no acampamento Jampa.

Planeje assim a sua caminhada para começar cedo, a fim de não trilhar no escuro e não enfrentar o frio intenso da noite sem proteção.  É importante já estar com o acampamento montado quando a noite cair.

Você pode verificar os horários do nascer e por do sol, para as datas específicas da sua expedição,  aqui.

Melhor Época

Dia ensolarado no Circuito AusangateA melhor época para fazer trekking na região do APU Ausangate é nos meses de seca, entre junho  e setembro.

Fizemos o circuito no mês de agosto e pegamos todos os dias ensolarados, com muito boa visibilidade. O sol, no entanto foi encoberto algumas vezes, por tempestades de neve que caíam diariamente entre as 14:00 e 15:00 horas.

Apesar do sol forte, as temperaturas durante o dia eram, em geral, agradáveis,  pois os nevados resfriam a região com os frios ventos que sopram de suas encostas. As noites, no entanto, eram sempre muito geladas,  com temperaturas sempre abaixo de zero.

Como Chegar

Paisagem a caminho de TinkePara chegar ao local do circuito Ausangate, você precisará se dirigir ao povoado de Tinke, distrito de Ocongate, província de Quispicanchi, em Cusco, no Peru.

A sua cidade de chegada então será Cusco. Há várias companhias aéreas para esse destino.

Em Cusco,  você precisará pegar um ônibus para o povoado chamado Tinke, o qual parte do Terminal del Corredor (Cusco – Ocongate), localizado a Av Tomasa Ttito Condemayta, n. 1615, próximo ao Estádio  Coliseo Cerrado.

Compramos as passagens neste terminal no mesmo dia da viagem,  com a empresa de transportes Expresso Saywas,  pagando 10 soles por pessoa.  O ônibus estava praticamente vazio (havia apenas o nosso grupo e mais umas duas pessoas), porém foi se enchendo no decorrer da viagem.

Partimos para Tinke as 9:30, chegando no povoado em aproximadamente 3h30min, depois de percorrer 120 Km.

Os ônibus para Tinke partem de meia em meia hora  a partir das 4:00 e até as 18:00, sendo os mesmos horários para retorno à Cusco.

Atente-se ao fato de que não estará escrito no ônibus “Tinke”, como destino, mas “Ocongate”. Informe ao motorista que você descerá em Tinke.

  • Ônibus para Tinke: Expresso Saywas
  • Valor da passagem: 10 soles
  • Tempo: 3h30min
  • Distância: 120 Km
  • Horários: de meia em meia hora a partir das 4:00 e até as 18:00.
  • Local de partida: Terminal del Corredor (Cusco – Ocongate)- Av Tomasa Ttito Condemayta, n. 1615, em Cusco (próximo ao  Estádio Coliseo Cerrado).
  • Taxi do hostel até o terminal: R$ 5 soles

Atenção: Existem diversos terminais de ônibus na cidade de Cusco. Dirija-se ao o terminal correto, localizado no endereço acima mencionado. Esteja ciente de que este terminal NÃO é o principal terminal da cidade, mas  é apenas dele que partem os ônibus para Tinke.

Onde Ficar

Como dito anteriormente você deverá pegar um avião  (ou ônibus, se preferir)  para Cusco e de lá partir para Tinke, onde se iniciará o Circuito.

Veja abaixo onde pernoitar nestes locais.

Em Cusco

Grasshopper Hostel em Cusco
Essa foto de Grasshopper Hostel é cortesia de TripAdvisor

Procure se hospedar próximo à Plaza de Armas, que é onde está a maior parte do movimento da cidade e onde você poderá realizar pequenos passeios. Você se aclimata e ainda conhece o local e sua história.

Ficamos hospedados  no The Grasshopper Hostel, localizado na  Calle Hospital 842, próximo a Plaza de Armas, o qual reservamos pelo booking. Pagamos cerca de R$ 40,00 por pessoa, a diária, em quarto coletivo com 4 camas.

O Hostel oferece café da manhã  (com pão, café,  leite,   sucrilhos, manteiga, geleia e doce de leite)   WiFi de boa qualidade , depósito de bagagens gratuito e recepção 24 horas .

Fica próximo ao supermercado Orion (onde existe um restaurante), Mercado San Pedro (onde é possível encontrar diversos produtos, de artigos alimentícios à vestuários) e a Plaza de Armas (ponto turístico da cidade onde existem diversos restaurantes, lojas e casas de câmbio, próximos)

O hostel é bem limpinho, possui camas confortáveis , aquecedores nos quartos e cozinha coletiva , para uso dos hóspedes. O banheiro é coletivo, sendo um mais reservado no piso inferior e outro, com diversos boxes, no piso superior.

É um hostel extremamente silencioso, perfeito para quem pretende descansar e possui funcionários muito amáveis e prestativo, que estão  sempre prontos a ajudar, e sempre com um sorriso no rosto.

Há também outras opções baratas de hostel, no mesmo entorno que, analisando pela internet, parecem ser opções também muito boas, na mesma faixa de preço, como o Hitchhikers Cusco Hostel , Intro Hostels Cusco e Puriwasi Hostels.

Em Tinke

Hostel em TinkeComo tínhamos planejado subir o Nevado Campa, durante o circuito, contratamos um guia que nós encontraria no acampamento Jampa, no antepenúltimo dia.

Esse guia acabou por providenciar um lugar para ficarmos em Tinke, que alias era um hostel muito humilde de propriedade de um parente seu (Montanismo Ausangate – Yan Marco)

Tratava-se de um sobrado de janelas de vidro,  localizado na rua principal de Tinke, na parte superior da farmácia Biosalud (vide foto acima). Pagamos cerca de 20,00 soles por pessoa, por dia.

Num primeiro momento não gostamos muito do lugar, pois alguns colchões estavam afundados no meio,  e saímos a procura de um melhor. Mas só encontramos lugares  piores, então decidimos ficar lá mesmo.

O lugar é bem simples, mas dá para passar a noite. O quarto que ficamos possuía 4 camas e o banheiro, coletivo, ficava do lado de fora. O banheiro tinha vaso sanitário e chuveiro com água quente, um luxo por lá.

Tinke é um povoado bem pobre então esteja ciente do que vai encontrar.

Creio que não seja necessário reservar o hostel, pois quando chegamos estava vazio.  De qualquer forma, se estiver lotado existem outros hosteis bem próximos.

Naquela mesma rua, existe um mercadinho e um supermercado onde é possível comprar água (5 soles a garrafa de 1,5L) e alguma comida industrializada. Há também uma lanhouse para se comunicar com a família, já que telefones celulares não funcionam por lá (cobravam cerca de 3 soles por 30 minutos, mas a internet não era muito boa).

  • Hostal: Hostal Montanismo Ausangate (Yan Marco)
  • Facebook: www.facebook.com/ausangateernesto/
  • Telefone: +51 991 936 612

No Circuito

Acampamento no Circuito AusangateDurante o CircuitoAusangate ficamos acampados em áreas sem qualquer estrutura, em geral. As exceções foram: Upis Thermas  (há piscinas de águas termais e um banheiro rústico – buraco no chão cercado), Ausangatecocha e Hucuy Phinaya (há uma casinha com um quartinho,  banheiro “normal” e  água encanada), Quesiuno (há um banheiro rústico – buraco no chão cercado – e vendem água) e Pachanta ( há piscinas de águas termais e hosteis com banheiro, rústico e normal, com chuveiro de água fria, onde vendem alguma alimentação)

Pagamos taxa de camping apenas em Upis Thermas, Anantapata, Quesiuno, Ausangatecocha e Huchuy Phynaia, locais em que apareceram pessoas nos cobrando 5 soles por cabeça.

 Onde Comer

Restaurante Trattoria Adriano
Essa foto de Trattoria Adriano é cortesia de TripAdvisor

Li muito na internet sobre pessoas que passavam mal em Cusco após se alimentarem nas ruas ou nos restaurantes da cidade. Ao que falavam a higiene não era uma qualidade do local.

Assim, a fim de evitar qualquer tipo de contaminação, optei por levar todas as minhas refeições do Brasil (Liofoods) e só comer coisas compradas lá, se fossem industrializadas.

Tentei ser bem rigorosa quanto, abrindo pouquíssimas exceções. Uma delas se deu quando, após um passeio guiado pelo centro histórico de Cusco, acabamos indo parar em um restaurante. O lugar parecia limpinho, porém não comi nada cru. Optei por uma prato quente, pois as chances de contaminação cairiam bruscamente. Fiquei bem, mas um dos meus amigos, coincidentemente,  pegou uma infecção bacteriana após comer nesse estabelecimento.

Tirando esse almoço, os cafés da manhã que tomei no hostel,  uns docinhos que comprei em uma padaria,  e um jantar que fiz com o Emerson, num restaurante indicado pela recepcionista do nosso hostel, como sendo bem limpo (ficava embaixo do supermercado Orion), durante todo o período pré circuito, não comi absolutamente nada que não fosse industrializado. Não queria que nada colocasse o meu trekking em risco.

Após retornamos da caminhada, já sem a preocupação de antes, me dei ao luxo de jantar em um restaurante de lá, que parecia bem higiênico, junto ao amigo Emerson. O lugar se chamava Trattoria Adriano. Gostamos tanto que retornamos no dia seguinte. Comemos lombo grelhado, pizza, sorvete, coca (para mim) e cerveja (para o Emerson). Gastamos  50,00 soles no primeiro dia e 25,00 soles no segundo dia (valor total das duas pessoas).

Também é possível comprar comida no supermercado e preparar no hostel. Para se ter uma ideia dos preços praticados por lá, segue abaixo, alguns valores cobrados no Supermercado Orion, em Cusco, que se localiza próximo ao hostel em que ficamos.

  • Purê de batatas Knorr – 2,70 soles
  • Miojo – 3,00 soles
  • Água 7 L – 9,40 soles
  • Batata palha – 6,50 soles
  • Sardinha: 2,10 soles
  • Pão de forma  fibras – 7,30 soles
  • Leite em pó 96g – R$ 3,10 soles
  • Batata Lays 185g – 6,80 soles

Em Tinke não comemos em nenhum restaurante (preparamos liofoods). Aliás, não me lembro de ter visto nenhum restaurante lá. Pode até ser que tenha, mas não recomendo, pois, pelo o que pude observar, a higiene é bem precária .

Durante o circuito comemos apenas Liofoods, que levamos do Brasil, com exceção de Pachanta (único local do circuito que é possível comprar comida) onde  jantamos no hostel em que ficamos, para ajudar a família que nos acolheu tão bem. Ficamos bem, mas o receio foi grande.

Supermercado/Restaurante Onion

  • Endereço: Calle Unión, n. 117
  • Comida: Top Chicken – 1/4 de frango assado – 9,50 soles

La Trattoria

  • Endereço: Av. El Sol, n 101
  • Comida: – Lomo grille – 34,00 soles; Pizza média trattoria – 26,00 soles; Coca-cola lata – 4,00 soles;  Cerveja Cusquena – 6,00 soles  (compramos 2);  Torta de chocolate – 10,00 soles; Banana Split – 15 soles

Hostel em Pachanta Thermas

  • Endereço: Pachanta Themas
  • Comida: –  Frango com arroz e batatas – 10,00 soles; Coca-cola de 2 litros – 8,00 soles

Grau de Dificuldade

Altimetria Circuito AusangatePor se tratar de uma caminhada sempre acima de 4300 metros de altitude, que transpõe passos de montanha acima dos 5.000 metros, o Circuito Ausangate é considerado muito difícil.

A trilha não apresenta dificuldade técnica porém a  caminhada é longa e com muitos passo de montanha a serem vencidos.

Você vai precisar de um bom condicionamento físico e uma boa aclimatação para suportar as grandes variações de altitude que ocorrerão em um curto espaço de tempo.

Lembre-se que você poderá diminuir essa dificuldade contratando serviços de guias e mulas, que cuidarão de tudo para você e carregarão todo o seu equipamento. Mas,  se você gosta de desafios, saiba que a sensação de conseguir completar esse circuito sem qualquer tipo de ajuda é indescritível. Planeje-se, estude, aclimate-se bem, prepare-se fisicamente e você, certamente, terá êxito em sua expedição.

É claro que você já deve ter uma boa experiência em longas caminhadas com cargueira pesadas nas costas e  deve saber se orientar ao menos com um GPS.

Experiência em elevadas altitudes creio que não seja tão importante assim,  pois essa foi a minha primeira vez em alta montanha e tudo correu sem nenhum problema. Mas saiba que eu estudei muito sobre esse circuito, sobre aclimatação, os efeitos da baixa concentração de oxigênio no corpo e a maneira de contornar isso, antes de partir  para essa empreitada.

Não se planejar, não estudar, antes de encarar um desafio desses, é pedir para que as coisas deem errado .

Aclimatação

Mal de altitude durante o Circuito AusangateO Circuito Ausangate se inicia e termina no povoado de Tinke (3800m) e se desenvolve, em sua maior parte, acima dos 4300 metros de altitude, transpondo passos de montanha acima dos 5000 metros.

O que torna o Circuito Ausangate difícil , e potencialmente perigoso,  é a velocidade com que se chega a altitude mais elevada e a falta de hidratação.

Assim, antes de partir para Tinke é necessário aclimatar-se muito bem  em Cusco (3400m),  cidade onde o seu avião irá pousar, e ir ganhando altitude aos poucos.

Aconselho proceder da seguinte forma:

  1. No dia da viagem Brasil-Cusco, comece a tomar muita água (4 litros, no mínimo).
  2. Permaneça, no mínimo 2 dias inteiros em Cusco, descansando ou fazendo leves caminhadas pela cidade, continuando a tomar 4 litros de água por dia.
  3. Após a aclimatação prévia em Cusco, parta para Tinke (3800), no terceiro dia,  e fiquei descansando e se hidratando muito (4 litros).
  4. No quarto dia, contrate um taxista local de Tinke (vai lhe custar cerca de 10 soles) para te levar até a Laguna Singrenacocha (4400 m) que fica próxima a Tinke,  retornando para dormir neste povoado. Muita água mais uma vez é primordial (4 litros)
  5. No quinto dia, se estiver se sentindo bem, inicie o Circuito Ausangate subindo no máximo 500-700 metros por dia, e continue tomando os 4 litros de água por dia. Caminhe lentamente sempre.  Pressa é inimiga da aclimatação.

Seguindo essas regrinhas básicas as chances de você se aclimatar adequadamente serão grandes.  Mas tenha ciência que cada corpo pode reagir de uma forma.

Veja mais sobre o assunto aqui.

Ingresso e Resgate

Posto de controle do Circuito AusangatePara fazer o circuito Ausangate é necessário pagar uma taxa de 10 soles e preencher uma ficha com seus dados, num posto de controle em Tinke, que fica logo no início do percurso.

Nesse posto recebemos sacos de lixo para trazer de volta o lixo que produziríamos na montanha. Achei isso bem legal.

Não sei se as pessoas que fazem o circuito são bem educadas e conscientes ecologicamente ou se há uma limpeza regular das trilhas, mas o fato é que não encontramos um lixo sequer jogado no chão, durante todo o circuito.

Por se tratar de um circuito, que começa e termina no mesmo lugar, não é necessário contratar resgate.

Orientação

Trilha no Circuito AusangateA trilha é bem demarcada no chão, em sua grande parte, mas há locais com intersecções de trilhas, e locais onde a trilha some. Assim é necessário saber por onde seguir.

Se você tem experiência em longas caminhadas e sabe se guiar, ao menos, com um GPS, não terá qualquer dificuldade em se orientar nesta trilha. Caso contrário, contrate um guia.

Um guia  local para o circuito Ausangate,  custa em média 800,00 dólares, por pessoa, com tudo incluído (comida, equipamento de camping, mulas, transporte Cusco, etc).

Para você que quer fazer um trekking independente, faça  o download do meu tracklog aqui.

Quanto à escalada do Nevado Campa, é imprescindível a contratação de um guia, se você não tem muita experiência em gelo. Contratamos a empresa  Andexplora, que nos cobrou o valor de 160 dólares, por pessoa, nos disponibilizando o guia local Flávio Paulino Mandura.

Guias locais:

  • Flávio Paulino Mandura (nosso ótimo guia do Campa – também guia o circuito) – (084) 98449-3804 – email: mandur_wer@hotmail.com
  • Francisco Rojo Huaman – dono do local onde ficamos em Quesiuno rojo_rh@hotmail.com
  • Cirilo Gonzalo Huaman –  guia bem falado na internet –   cigohotrek@hotmail.com / http://hikeausangate.com/

Alimentação

Alimentação no Circuito AusangateUma grande preocupação minha, relativamente a esse circuito,  era o que levar para comer. Quantas calorias eu teria que ingerir por dia para conseguir a energia necessária para a caminhada, já que a altitude faz seu corpo consumir muito mais esse combustível.

Li vários artigos dizendo que deveríamos levar coisas que gostássemos muito de comer e que fossem fáceis de cozinhar, como o da Lizete Florenzado no Blogdescalada (leia o artigo aqui). Porém,  nenhum deles falava quantas calorias deveríamos ingerir. Aliás,  não encontrei nenhum artigo na internet que me tirasse essa dúvida.

Consultei então pessoas já experientes em grandes altitudes, como o montanhista Máximo Kauch, e o amigo Hélio Fenrich, que falaram para eu não me preocupar  tanto com a quantidade de calorias, mas em levar coisas gostosas e fáceis de preparar.

Partindo dessas informações, deixei de me preocupar tanto com a ingestão calórica “ideal”, e segui o conselho dos mais experientes, mas procurei dar preferência a alimentos mais calóricos, comparadas com outras de mesmo peso, dentro dos que eu gostava.

Minha alimentação diária (2000 Kcal):

Toda a minha alimentação (café da manhã, lanche de trilha e jantar), para os 10 dias de circuito, pesou 4,7 Kg.

Separei todo meu lanche de trilha por dia, em saquinhos ziploc, a fim de me forçar a comer tudo o que estava dentro deles, já que  um dos efeitos das grandes altitudes é a ausência de apetite. Castanhas foram armazenadas em saquinhos de gelinho, também um para cada dia.

Levamos comida liofilizada para a refeição principal, por ser leve, rápida de preparar e saborosa.

 Café da manhã (377 kcal)

– 1 caneca de café com adoçante e  2 colheres de leite em pó – 130 Kcal
– 2 bisnaguinhas Sevenbois com 1/2 colher de manteiga – 102 kcal  + 37 Kcal = 139 kcal
– 1 colher de sopa de nutella  – 108 kcal (levei um pote  de 300g que deu para mim, por todo o circuito)

Lanche de trilha (1157 kcal)

– 1 charge  – 193 kcal
– 1 prestígio – 152 kcal
– 1 choquito – 141 kcal
– 1 sonho de valsa – 115 kcal
– 1 saquinho de gelinho, com 2 colheres de castanhas de cajú – 86 kcal
– 1 saquinho de gelinho, com 1 colhere de amendoim torrado  –  92 kcal
– 1 saquinho de gelinho,  com 2 colheres de nozes – 150 kcal
– 5 bolachas de água e sal – 138 kcal
– 2 biscoitos de trigo da padaria da minha cidade
– 4 dadinhos – 90 kcal

Jantar (466 Kcal)

– 2 Risotos primavera com frango  Liofoods –  810 kcal
– 1 Carne moída com azeitonas verdes Liofoods – 314 Kcal
– 1 Purê de batata Liofoods –  260 kcal
– 1 Pacote de queijo parmesão 100 g – 480 kcal

Total: 1864 Kcal

O jantar era coletivo, dividíamos entre 4 pessoas. Assim, cada uma comia  466 Kcal.

Veja como preparamos nossa refeição principal  aqui

Dados Dia a Dia

Meu tracklog do Circuito AusangateA rota tradicional do Circuito Ausangate leva 5 dias para ser concluída e não passa por Vinicunca.

Fizemos o Circuito Ausangate em  10 dias, pois carregamos todas as nossas coisas, sem a ajuda de mulas,  e esticamos a caminhada até a montanha colorida, retornando para o trajeto tradicional por outro caminho.

Assim, concluímos o Circuito Ausangate via Vinicunca,  percorrendo um total de 97 Km, da seguinte forma:

DIA 1 – Tinke (3800) – Upis Thermas (4440 m) …………………………………… 14,5 Km …. 10h
DIA 2 – Upis Thermas (4440 m) – Jatum Pucacocha (4590 m) …………….. 11,5 Km ….  7h30min
DIA 3 – Jatum Pucacocha (4590 m) – Anantapata (4740 m)…………………..    6,0 Km ….  6h
DIA 4 – Anantapata (4740 m) – Quesiuno (4380 m) ……………………………..  14,0 Km ….  8h
DIA 5 – Quesiuno (4380 m) – Ausangatecocha (4670 m) ……………………..     7,5 Km ….  4h
DIA 6 – Ausangatecocha (4670 m) – Pampacanha (4470 m)…………………     8,5 Km ….  6h30min
DIA 7 – Pampacanha (4470 m) – Huchuy Finaya (4660 m) ……………………    5,5 Km ….  3h
DIA 8 – Huchuy Finaya (4660 m) – Acampamento Jampa (4810 m)……….    8,5 Km ….  6h30min
DIA 9 – Acampamento Jampa (4810 m) – Pachanta (4330 m) ………………     9,0 Km….  3h
DIA 10 – Pachanta (4330 m) – Tinke (3800 m) ………………………………………  12,0 Km….  4h

Passos de montanha:

  • Passo Arapa: 4760 m  – dia 2
  • Passo Ausangate: 4940 m – dia 3
  • Passo Surini: 5000 m – dia 4
  • Passo Palomani: 5130 m – dia 6
  • Passo Campa: 5080 m – dia 8

* Todos os dados informados foram coletados com o meu GPS

Áreas de Camping

Como dito anteriormente, durante o Circuito Ausangate ficamos acampados, em geral, em áreas de camping sem qualquer estrutura. As exceções foram Upis Thermas, Ausangatecocha, Quesiuno e Pachanta.

Em Huchuy Finaya também havia uma área com estrutura,  igual a de Ausangatecocha, mas estava com as portas trancadas à cadeado).

Pagamos taxa de camping apenas em Upis Thermas, Anantapata, Quesiuno, Ausangatecocha e Huchuy Phynaia, no valor de  5 soles por pessoa.

Dia 1 – Camping Upis Thermas

Camping Upis Thermas no Circuito AusangateAtenção  nessa hora, pois a área de camping fica no local onde existem as águas termais, denominado Upis Thermas e não no povoado de Upis, que se localiza bem antes, as margens da estrada.

Assim, se você quiser tomar alguma informação de um morador local para chegar à área de camping, fale sempre a expressão Upis Thermas,  e não apenas  Upis, senão eles acharão que você estará se referindo ao povoado  e te darão a direção de lá, como efetivamente ocorreu conosco.

Em um determinado momento nosso tracklog nos mandava sair da estrada principal e seguir para a esquerda (provavelmente ali nos tiraria da estrada e nos colocaria em trilha), mas  um dos integrantes do grupo achou melhor seguir à direita, direção indicada pelo morado local, para quem pediu informação.

Na ocasião ele falou apenas  Upis (não sabíamos até então que haviam duas localidades chamadas Upis, povoado e thermas). Consequência: Chegamos a Upis realmente, mas não era o local em que acamparíamos (Upis Thermas), mas o povoado de Upis . Andamos 2 Km a mais neste dia, devido a isso.

Assim, siga o que o seu tracklog manda. Não vá nessa de ficar pedindo informação aos locais, que eles podem te enviar para um lugar diferente daquele para o qual você realmente deseja ir.

O que existe lá:

  • grande área para camping , onde você pode pernoitar pagando 5 soles
  • banheiro rústico (buraco no chão, cercado por uma pequena estrutura)
  • águas termais
  • riacho

Dia 2 – Jatum Pucacocha

Camping Jatum Pucacocha no Circuito AusangateCamping em frente a grande laguna Jatum Pucacocha (após a laguna Pucacocha), onde não há absolutamente nada de estrutura.

Nesse lugar, ninguém chegou em nós  para cobrar qualquer taxa de acampamento.

O que existe lá:

  • grande área para camping  – não pagamos taxa
  • glaciar, riacho e lagoa

 Dia 3 – Anantapata

Camping Anantapata no Circuito AusangateEm Anantapata há um Lodge, com uma grande área de camping em volta e água encanada. Há um córrego próximo também.

Quando chegamos lá haviam apenas 3 humildes trabalhadores braçais, que nos informaram que o local ainda estava em fase de construção. Ainda não estava funcionando completamente.

Pedimos permissão à eles para armar nossas barracas na área de camping do Lodge o que foi autorizado, pagando uma pequena taxa. Porém, algo me diz que não poderíamos ter acampado na área do Lodge. Creio que esses trabalhadores apenas foram legais com a gente. Não sei se o administrador do local  permitiria isso, se estivesse presente, pois vi um outro grupo, que chegou após nós, acampando afastado dali.

Desde que saímos do Brasil não sabíamos se poderíamos acampar nessa área, sem utilizar os demais serviços do Lodge. Não há nenhuma informação na internet relativa a isso. Questionamos os  trabalhadores  e eles não souberam nos dar qualquer informação.

O que existe lá:

  • Um Lodge (espécie de hotel)
  • Área de camping do Lodge (pagamos 5 soles cada) e área de camping afastada do Lodge
  • Água encanada (havia uma torneira fora do Lodge que nos deixaram usar)
  • Água em córrego próximo

 Dia 4 –  Quesiuno

Camping Quesiuno no Circuito AusangateQuesiuno possui alguns casebres e, ao que tudo indica, moram pessoas lá, apesar de termos visto apenas 4, incluindo o Francisco,  dono da construção sob a qual acampamos.

Turistas, ao contrário, se vêem aos montes,  como formigas saindo do formigueiro.Fiquei até assustada quando acordei pela manhã e vi todas aquelas vans chegando.

Foi aí que descobri que Quesiuno era a porta de entrada  dos turistas para  Vinicunca. É ali que chegam  as excursões que partem de Cusco rumo à montanha colorida.

Em Quesiuno há apenas banheiros rústicos (buraco no chão com estrutura de plástico em volta) e um rio.

Quando fomos o Francisco estava construindo um  estabelecimento  para receber melhor os turistas. Não sei dizer se  já ficou pronto.

Ficamos acampados neste local, pelo valor de  5 soles cada, mas há várias áreas em que é possível acampar (próximas aos casebres). Basta pagar uma pequena taxa ao proprietários.

O que existe lá:

  • Casebres de locais com áreas para camping
  • Estabelecimento do Francisco (acampamos lá por 5 soles)
  • Banheiros rústicos (buraco no chão)
  • Riacho

Dia 5 –  Ausangatecocha

Camping Ausangatecocha no Circuito AusangateEm Ausangatecocha há um casinha (abrigo de montanha) com um cômodo,  banheiros  normais (vaso sanitário) e água encanada.

Em frente à casinha há uma grande área para camping

Se você não desejar acampar é possível bivacar dentro da casinha (mais ou menos 5 pessoas + mochilas), ou montar duas barracas médias dentro delas, já que não há nada em seu interior.

Quando chegamos não havia ninguém, mas logo que amanheceu uma choula apareceu para cobrar a taxa de camping, no valor de 5 soles, por pessoa

O que existe lá:

  • Casinha (abrigo de montanha) e área para camping – usamos a casinha e pagamos 5 soles (a mulher que nos cobrou só apareceu no dia seguinte, pela manhã)
  • Água encanada
  • Banheiros normais (vaso sanitário)
  • Lagoa

Dia 6 – Pampacancha

Camping Pampacancha no Circuito AusangateAssim como em  Anantapata,  utilizamos o nosso Plano B acampando em Pampacancha .

Pampacancha fica no final da descida do Passo Palomani (passo acima dos 5000 m de altitude).

A distância dali para Huchuy Finaya é pouca, e o desnível também não é grande (um pouco de subida apenas no início), porém só quem passa pelo Passo Palomani sabe como ele acaba fisicamente com a gente. Chegamos esgotados em Pampacancha e não pensamos duas vezes em ficar por lá mesmo. Já chegamos procurando lugar para montar as barracas.

Pampacanha é uma grande área plana em um vale, porém grande parte dela está encharcada. Mas existe uma área boa para camping próxima a um casebre.

Haviam indícios de acampamentos anteriores ali. Inclusive um pequeno cercado de pedras, que lembrava um banheiro,  havia no local (apesar de banheiro mesmo não haver nenhum).

Lá não encontramos com nenhum habitante local, apenas com um grupo de trekkers. Ninguém apareceu também para nos cobrar  qualquer taxa pelo acampamento.

O que existe lá:

  • Área para camping, próximo a um casebre –  não pagamos taxa  (ninguém apareceu para cobrar)
  • Riacho

Dia 7 – Huchuy Phinaya

Camping Huchuy Finaya no Circuito Ausangate

Em Huchuy Phinaya há um casinha  (abrigo de montanha) igual aquela de Ausagatecocha, e em frente à ela também há uma grande área de camping. Porém verifiquei que em Huchuy haviam duas diferenças: as portas estava trancada à cadeado  e , em cima da casinha, existe uma espécie de painel solar.

Camping Huchuy Finaya trancado com cadeado

Não ficamos neste local, pois meu tracklog mandava acampar mais à frente. A intenção era ficar o mais próximo possível do início da subida do Passo Campa. Acampamos então em um cercado de pedras em meio a dois casebres.

Quando chegamos neste local vimos apenas uma choula e uma criança, que passaram por  nós, falando em quechua, mas não nos abordaram. Porém, na manhã seguinte apareceu um senhor falando castelhano, informando que aquela era sua propriedade, cobrando educadamente uma taxa pelo acampamento, a qual deixou a nosso critério o valor. Não me lembro ao certo quanto pagamos à ele, mas creio que também foram 5 soles por pessoa.Camping em Huchuy Finaya em área particular

A distância entre o local em que acampamos e a casinha (abrigo de montanha) era pouca. Assim, aconselho a ficar na área da casinha mesmo (provavelmente lá é a área oficial). A área de camping é melhor, possui banheiro e água encanada, para aqueles que preferem um pouco mais de conforto. Lembre-se apenas que você pode encontrar as portas trancadas, como nós encontramos.

O que existe lá:

  • Casinha (abrigo de montanha) e área para camping
  • Água encanada
  • Banheiros normais (vaso sanitário)
  • Riacho
  • Casinhas de locais – acampamos lá por 5 soles (o dono apareceu na manhã seguinte nos cobrando)

Dia 8 – Camping Jampa

Camping Jampa no Circuito AusangateEsse camping era uma incógnita quando fomos, pois não tínhamos tracklog dele.

A única informação que tínhamos foi a passada pelo  guia Flávio Mandura que contratamos para nos encontrar lá e nos guiar no Nevado Campa.

Flávio nos informou que após o Passo Campa encontraríamos uma trilha à esquerda, a qual nos levaria ao acampamento Jampa (também chamado Campa).

Nós realmente encontramos uma  trilha a esquerda, e inclusive com uma placa dizendo “Acampamento Jampa” porém, após nos instalarmos, nosso guia chegou informando que o acampamento correto, era mais acima;  que havíamos passado. Como já estávamos com as barracas armadas resolvemos ficar por ali mesmo e subir tudo de novo pela manhã.

Então, fique atento logo após o Passo Campa, pois a trilha para o acampamento onde se deve pernoitar, para subir o Nevado Campa, fica bem antes da trilha que pegamos.

Quando chegamos neste local havia um outro grupo (e mais grupos chegaram pela manhã), porém ninguém foi até nós para cobrar qualquer taxa de camping.

O que existe lá:

  • Área de camping – não pagamos taxa
  • Banheiro rústico (buraco no chão com estrutura em volta)
  • Pequena nascente com água empoçada
  • Choulas vendendo “artesanatos”

 Dia 9 – Pachanta Thermas

Camping Pachanta no Circuito AusangatePachanta Thermas é um vilarejo onde há algumas casa de locais, hosteis para os turistas, com banheiro  rústico e normal e  piscinas de águas termais.

Como acontece com Upis,  existe Pachanta Thermas e Pachanta Pueblo.

O pernoite deve ser feito em Pachanta Thermas, que será o primeiro vilarejo a ser encontrado, nesse finalzinho de circuito.

Como nosso guia Flávio, do Nevado Campa, informou que sua família possuía um hostel lá, e  ofereceu o lugar para ficarmos, a fim de ajudar a família, não acampamos nesse dia. Pernoitamos no hostel deles.

O que existe lá:

  • Hostels e áreas de camping – cobram taxa para acampar
  • Banheiro rústico (buraco no chão) e normal (vaso sanitário)
  • Mercadinho – Choulas vendendo “artesanatos”
  • Comida pronta (pessoal do hostel prepara)
  • Valor do pernoite no hostel : 15,00 soles
  • Alimentação: Frango com arroz, batatas e tomate: 10,00 soles;   Coca-cola de 2 litros: 8,00 soles

Os colchões do hostel eram muito ruins (totalmente afundados no meio). Mas estava tão cansada que isso nem incomodou minha noite de sono.

Apesar do receio de contaminação, neste dia comi a comida que nos prepararam no hostel.  Fiquei bem.

Pontos de Água

Água contaminada no Circuito AusangateEncontramos vários pontos de água pelo caminho, porém verificamos que a grande maioria estava mais próxima dos Nevados que circundávamos. Quanto mais nos afastávamos deles mais escassa ficava a água.

A maioria dos pontos que encontramos estavam com fezes de alpacas e lhamas. É imprescindível, assim, usar  cloro na água e qualquer outra coisa que possa ajudar a descontaminá-la.

No nosso caso, além do hidroesteril, usamos uma garrafa da Camelback de luz ultravioleta, que o Clei comprou em Cusco.

Garrafa All Clear da CamelbakA marca informa que a luz ultravioleta da garrafa mata quase todos os germes e bactéria, que a água possa conter.

Passamos a luz em toda a água que tomamos, durante todo o circuito,  pois, pelo o que dizem, o cloro não é capaz de exterminar alguns microorganismos (protozoários, por exemplo, são resistentes a ele).

Quanto mais artifícios você tiver, no combate a contaminação,  melhor (desde que não acarrete em significativo aumento de peso na sua mochila), já que a caminhada no Circuito Ausangate  se dá  bem longe de qualquer socorro médico.

Marquei todos os pontos  de água no tracklog que disponibilizei  aqui. Para saber mais sobre eles, continue lendo abaixo.

Dia 1 :   Tinke – Upis Thermas – Passamos por 4 pontos de água ante de chegar à área de camping, porém estavam todos muito próximos, do início ao meio da caminhada. Após esses pontos só encontramos água no camping Upis Thermas .

Dia 2 : Upis Thermas – Jatum Pucacocha –  Encontramos com 3 pontos de água, porém já bem próximos do camping Jatum Pucacocha, onde pernoitamos, local onde também possui água.

Dia 3: Jatum Pucacocha – Anantapata – Não encontramos nenhum ponto de água pelo caminho. Apenas o local em que acampamos, chamado Anantapata , possuía água em um fino córrego e no Lodge lá existente. A água do córrego não era nada agradável aos olhos, mas no Lodge havia água encanada.

Dia 4: Anantapata – Quesiuno – Encontramos apenas um ponto de água neste dia (rio) e já bem próximo de Quesiuno, onde acamparíamos e onde também havia água (rio)

Dia 5: Quesiuno – Ausangatecocha – Neste dia, encontramos com água apenas no início da caminhada, na estrada, (riachos à beira da estrada) e no acampamento Ausangatecocha (água encanada).

Dia 6 :  Ausangatecocha – Pampacancha – Outro dia em que encontramos apenas um ponto de água, e também no final da caminhada do dia , já bem próximo ao local em que acamparíamos (Pampacancha). Pampacanha, também possui água.

Dia 7 :  Pampacancha – Huchuy Finaya– Nesse trajeto há  apenas 2 pontos de água (riacho),  já próximos a  área de camping em Huchuy Finaya, onde também há água.

Dia 8: Huchuy Phinaya – Camping Jampa – Não existem pontos de água neste dia. O único ponto se encontra no acampamento Jampa e se trata de uma pequena nascente com água empossada, próxima ao banheiro.

Dia 9: Camping Jampa – Pachanta – Encontramos com 2 pontos de água no inicio da caminhada (rios próximos às lagunas) e um no meio da caminhada (rio). Após isso, encontramos água apenas no local do nosso pernoite (Pachanta Thermas), encanada e de rio.

Dia 10: Pachanta – Tinke – Até metade da caminhada do dia encontramos com 3 pontos de água (riachos e canais beirando a estrada). Após esses pontos só encontramos água já próximo aos final da caminhada (rio)

Seguro

Subindo o Passo ArapaCaminhadas em alta altitude vem com riscos óbvios. Assim, é importante contratar um seguro para o caso de eventuais acidentes. O problema é que a maioria deles não oferece a  cobertura adequada.

Existem seguros médicos que não cobrem resgate e existem seguros resgate que não cobrem serviços hospitalares.  Então, ou você contrata os dois, para ficar totalmente coberto, ou opta por um deles.

Se você não tiver condições financeiras de contratar os dois, contrate ao menos o seguro resgate, pois de nada servirá um seguro médico se você não chegar até um hospital.

Segundo Ciça Carvalho, em seu artigo  Seguros Viagem Pra Escalada, Alta Montanha E Viagens De Longo Prazo,  a única opção de seguro resgate para brasileiros é o Global Rescue, o qual cobre qualquer tipo de resgate. Eles te tiram da montanha e te  levam para o hospital, mas o tratamento médico é por sua conta. E a conta poderá ser bem salgada, sem a cobertura de um seguro médico.

Se eu contratei algum seguro para  o Circuito Ausangate?  A resposta é negativa. Nunca contratei nenhum tipo de seguro pois a minha condição financeira não permite. Seguros que efetivamente funcionam são caros e, como eu sempre estou no limite da grana para a viagem, nunca consigo pagar um. Ou seja,  se algum acidente ocorrer estarei literalmente ferrada.

Então, não siga meu mal exemplo, de contar sempre com a boa sorte. Contrate um seguro. Mas contrate um seguro que realmente vai te ajudar.

Outras Informações Úteis

Bandeira PeruEntrada no país: Os cidadãos da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Equador, Colômbia, Bolívia, Venezuela e Chile não precisam de passaporte, podem entrar com seu documento de identidade nacional.

Moeda: o Nuevo Sol é a moeda oficial do Peru. Porém,  lá não ouvíamos as pessoas falarem,  2 nuevos soles, por exemplo, mas apenas 2 soles.  Existem várias casa de câmbios próximas à Plaza de Armas, mas há uma pequena variação de preço entre elas. Assim, pesquise antes de fazer o câmbio.Eu levei dólares apenas, mas eles também trocam reais. Também próximo a Plaza de Armas há bancos com caixas automáticos conectados às redes Plus (Visa) e Cirrus (Mastercard/Maestro), American Express e outras. Neles é possível fazer saques, mas a taxa de câmbio normalmente é maior.

Fuso Horário:  O Peru está no fuso horário -5h, GMT. O Brasil (Brasília) está no fuso -3h, GMT. Assim, no Peru são menos 2 horas que no Brasil.

Vacinas: Não existem vacinas obrigatórias para entrar no Peru, mas recomenda-se a vacinação contra: Varicela, Hepatite A e B, Febre Amarela (esta última deve ser tomada até  10 dias antes da viagem para que seja eficaz)

Energia:  a voltagem no Peru é de 220 volts. Assim, se seu aparelho não for bivolt, não o ligue à tomada. Providencie um transformador.

Bagagem livre de impostos:   Ao ingressar no Peru, deve-se preencher a Declaração Jurada de Bagagem, onde se indicam todos os artigos que, eventualmente, devam pagar impostos Confira a lista de bagagem livre de impostos aqui.

Alimentos e água:  Beba água mineral (de garrafinha) e evite consumir alimentos de ambulantes na rua para evitar infecções.  Mesmo em restaurante, prefira comidas que passaram por cozimento e evite alimentos cruz. Cusco não é muito bem falada quanto à higiene, e efetivamente comprovamos isso, pois um dos nossos amigos, que não tomou tanto cuidado ao ingerir alimentos de lá, pegou infecção bacteriana por duas vezes.

Compras: Falam que quanto mais longe você estiver da Plaza de Armas mais baratas serão as coisas, mas não fui para tão longe da praça para comprovar isso. No Mercado San Pedro, que fica próximo à praça (local onde se encontra de tudo um pouco) achei blusa de lã de alpaca por 50,00 pesos, porém,  mais próximo ainda dessa praça achei 50% mais barata, na loja Artesanias Asunta (localizada à Calle Triunfo 381- whatsapp 973-107738), pois são direto da fábrica.

Câmbio: Quando fui ao Peru, a moeda brasileira estava desvalorizada no Brasil,  frente à moeda peruana. O Câmbio no Peru era mais vantajoso. Assim, deixei para comprar soles no Peru. Faça a conversão e veja onde é mais vantajoso comprar soles atualmente, no Brasil ou no Peru.

-> Qual moeda levar ?  Real ou Dólar?  Depende do câmbio. Para saber se é mais vantajoso levar  Reais ou Dólares ao Peru, converta uma certa quantia de Reais em Soles (no câmbio do Peru, pois é lá que você comprará soles) e veja o resultado. Depois converta  a mesma quantia de Reais em Dólares (no câmbio do Brasil, pois é aqui que você comprará dólares) e  converta esses Dólares em Soles  (no câmbio do Peru, pois é lá que você comprará soles) e veja esse segundo resultado . Compare os dois resultados em soles  e veja qual é o mais vantajoso.

->  Onde fazer o Câmbio:  Nas casas de câmbio localizadas próximo à  Plaza de Armas de Cusco. Pesquise o preço antes de comprar pois verificamos que havia uma pequena diferença entre elas. Não faça câmbio no Aeroporto ou nos Bancos (mais caro) ou com pessoas que vendem na rua (risco de moeda falsa / risco de assalto)

->  Só aceitar notas novas e sem marcas (seja dos estabelecimentos seja das casas de câmbio). Lá não aceitam notas rasgatas ou com marcas, por  receio de falsificação. Então, não fique com nenhuma dessas na carteira, senão você ficará no prejuízo.

-> Li em um blog que notas de US$ 100,00 (cem dólares) ,não eram muito aceitas, também  por medo de falsificação, mas consegui  trocar  tranquilamente.

-> Os preços nos estabelecimentos de Cusco são bem parecidos aos do Brasil. Segue abaixo, para comparação,  alguns produtos que compramos (agosto de 2016)

  • Gás (botijão grande ) –  40 soles.
  • Lavanderia ao lado do nosso Hostel Grashopper – R$ 9,00 soles, uma caixa cheia de roupas
  • Taxi Aeroporto – Hostel Grashopper – 40,00 soles (taxi do aeroporto é extremamente caro)
  • Taxi Hostel Grashopper – Aeroporto – 7 soles
  • Taxi Hostel Grashopper – Terminal ônibus Tinke – 3 soles
  • Botica Shanellfarma na rua do Hostel Grashopper  – Comprimidos de antibiótico – 1,50 soles cada comprimido; Probiótico – 5,00 soles cada flaconete

Considerações Finais

Dicas Circuito Ausangate via Vinicunca-> Ausangate é PERIGOSO, em virtude da elevada altitude. Uma boa aclimatação é essencial,  para a própria segurança.

-> Não há guardas-parque. A evacuação é difícil. Nenhum serviço de emergência está disponível. Você está por sua conta. Considere contratar um seguro que cubra ao menos resgate.

-> As temperaturas podem cair bem abaixo de zero durante a noite. Esteja preparado para  enfrentar noites muito  geladas. Roupas quentes e um excelente saco de dormir são essenciais

-> Fique de olho no clima. As condições podem mudar rapidamente. Tenha sempre camadas quentes e impermeáveis à fácil alcance.

-> As baterias tendem a morrer mais rapidamente devido ao frio. Mantenha-as em seu saco de dormir ou próximas ao seu corpo.

-> Leve doces para as crianças que irão te abordar durante o circuito

-> Purifique toda a água que for beber. Há rebanhos de alpacas e lhamas por toda a região. A maioria dos riachos estão com suas bordas cheias de fezes desses animais.

-> Há alguns relatos de pessoas locais que roubam itens deixados fora da barraca a noite. Evite deixar coisas para fora da barraca

-> É fácil alugar equipamento em Cusco. Há algumas lojas para isso.  Já Tinke é um povoado bem humilde, você não vai encontrar equipamentos lá.


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Planejando Circuito Ausangate Via Vinicunca
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Aclimatação Circuito Ausangate
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